Trancada dentro de mim...

Eu estou sentada em um banco qualquer, em um lugar que nunca me passou pela cabeça estar, tenho andado muito distraída nos últimos dias. espera, será que não andei distraída o tempo todo e só agora estou abrindo os olhos para enxergar a realidade? Talvez eu tenha me fechado em algum momento do passado e esqueci que em algum momento eu precisaria me abrir novamente para novos sentimentos, novas ideias e novas pessoas...

Não sei por qual motivo, mas hoje cedo acordei com vontade de fazer as coisas diferentes, de sair desse meu mundo fechado e encarar aquele mundo do qual há muito tempo havia me esquecido de retornar, hoje pela manhã estava esperando por minha mãe do lado de fora do consultório, estava com a cabeça baixa e uma postura relaxada, tentando me distrair com meus fones, era sempre a mesma coisa... Fones... cabeça baixa... sempre a olhar para as calçadas... Como havia mencionado agora pouco, estava tentando me distrair quando senti aquela sensação de que deveria erguer a cabeça, sem mais nem menos a ergui e percebi que por ali passavam algumas pessoas, algumas jovens, outras mais velhas... Fiquei observando os detalhes daquele lugar, daquelas pessoas, o que mais gostava era dos sorrisos e dos olhares. Encontrei muitos olhares, alguns doces, outros frios; Por ali passou uma senhora, ela tinha cabelos curtos e brancos, parecia uma criancinha meiga,tinha um olhar sereno e um sorriso doce, retribui o sorriso, havia me esquecido como era confortante um sorriso, já fazia algum tempo que não olhava nos olhos das pessoas. O que me fez esquecer o quanto era bom esse mundo? Quando me tranquei dentro de mim mesma? O que fez com que me fechasse em um mundo secreto? Isso foi há muito tempo atrás, me disseram para seguir olhando pra frente, e nunca olhar para traz...

Tenho uma chave presa ao cordão do meu pescoço, arranco-a e destranco a porta que me tranca nesse mundo só meu, que escondo Medos. Sonhos. Fraquezas e dores. Abro essa porta e a chave que um dia poderia tranca-la novamente é arremessada nessa correnteza que só Deus sabe aonde vai dar.

Débora Woolf
Enviado por Débora Woolf em 01/10/2011
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