Doce Minas
Doce Minas
Mineiro adora uma praia... é só pintar um feriado ou chegarem as férias, que as estradas que levam ao litoral se enchem de carros com placas de todos os lugares de Minas. Ô trem bão, sô. Um banho de água salgada lava até a alma, eu sei, eu também gosto. Mas Minas também tem seus encantos, esparramados por todos os cantos e, no entanto, são poucos os mineiros que conseguem vê-los. Minas tem água que não acaba mais. Mas é água doce, macia, suave, não tem a agressividade do mar. Minas tem campos verdes, com cheiro de fazenda onde o café perfuma as mesas de suas manhãs, brindando o novo sol que nasce todos os dias. E com ele as fornadas de pão de queijo, broa de fubá, biscoitos da terra, tudo bem acompanhado com o queijo, que é pra manter firme a tradição. E haja feijão tropeiro, uma couve passadinha na gordura do leitão que pipoca no forninho pro almoço que não tarda de chegar. Reserva o espaço pro doce de leite e o bendito queijo que de novo, não pode faltar. Êta trem melhor ainda, sô. È muito chão esparramado por essas Minas Gerais que muito mineiro ainda não viu, não vai ver, porque tem os olhos voltados pra onde o mar está, como se vida boa fosse só lá. Não é. Minas é muito melhor, mais graciosa de ver, mais gostosa de sentir, mais suave de pegar. Minas só não tem beirada onde a terra acaba porque era esconderijo de tesouros e tinha que ficar muito bem guardada, vigiada, entrincheirada na reserva do ouro e das pedras preciosas que havia aqui. Hoje as riquezas são outras. Mas continua bela e doce, sedutora na rusticidade do campo que ladeiam as estradas, na majestade das serras e montanhas que beijam o céu, escondendo povoados e cidades, pedacinhos do mundo espalhados pelas trilhas daqueles que vieram em busca de aventuras e de riquezas, que carregaram seu ouro mas escreveram a história e espalharam a vida pelos caminhos. De vez em quando é preciso virar o volante no sentido contrário e embrenhar-se no coração dessa terra que também tem um sol que brilha e doura pele, e que tem águas capazes de lavar a alma com muito mais profundidade. Vai ser gostoso trocar o cheiro da maresia pelo cheiro doce dessas Minas Gerais.