Produtos recicláveis...
Na fase de garoto, em idade escolar, estudando no “Externato Menino Jesus”, Rua Lino Coutinho, e morando na Rua Albino de Moraes - Vila Carioca - Ipiranga-SP, uma das maneiras de ajudar no orçamento familiar era, pegar uma carrocinha de madeira, feita pelo meu pai, e sair pelo bairro à cata de produtos recicláveis, na época dizíamos catar “ferro-velho”. E lá vamos nós, eu e os manos Rubens e Ademir, os três ferreirenses trabalhando na capital de São Paulo. Na época não tinha o “Estatuto da criança”, e já com 6 anos de idade, o lema era trabalhar. Caso conseguisse um trabalho registrado, tínhamos que ir até o Ministério do Trabalho, e solicitar uma carteira profissional de menor, isso a partir dos 12 anos de idade.
A fonte principal da coleta era no próprio bairro de Vila Carioca, tinha lá uma grande empresa laminadora de ferro, e o descarte era jogado nas ruas, servia como aterro, isto em razão do bairro ser um verdadeiro “charco”. Caminhões e caminhões eram despejados, mas não era tão rentável assim, depois de um dia de trabalho, recebíamos algumas moedas pelo produto coletado, mas nos sentíamos um pequeno empresário.
No bairro não tinha “ferro-velho”, quem comprasse o nosso produto, tínhamos que levar até Av. Nossa Senhora das Lágrimas, próximo da Igreja Santa Edwiges, tinha neste local um ferro-velho. O problema era na hora de pesar, o dono do ferro-velho usava uma balança, e a gente sempre pensava que estava sendo ludibriado.
Numa viajem de férias a Porto Ferreira, andando pela cidade a gente via uma grande quantidade de latas vazias jogadas por todo canto, eram latas do famoso leite “Ninho”, leite em pó embasado pela “Nestlé”, pensávamos pra conseguir recolher ferro em borras, dá um trabalho danado, e aqui tantas latas dando sopa, e ninguém liga pra isso. Local em que vi uma grande quantidade de latas vazia foi na Avenida Adhemar de Barros, próximo de um lugar conhecido por “Lago dos 20”.
Meu pai tinha lema e vivia falando pra gente: “anda a toa, mas não fique a toa”, enfim ele tinha que dar um duro danado pra manter toda a família, e o pouco que ganhávamos, com o produto de ferro-velho, engraxar sapatos, era uma prova ser trabalhador, gente honesta...