NÍVEL NOVE

Meu filho atingiu, com menção honrosa, o nível 9(nove)! Vocês podem estar se perguntado: O que quer dizer o nível nove? Alguns podem não saber o que é isso. Outros podem conhecer do assunto mais profundamente do que eu. Não importa! O que importa é que eu estou apreensivo e aprendendo aos poucos a lidar com tudo isso!

Para tentar explicar o que isso significa, farei um breve preâmbulo... Em algumas escalas usuais, o nível nove é considerado motivo de pânico e de conseqüências imensuráveis. Na escala Richter, por exemplo, que serve para quantificar a magnitude sísmica, um abalo qualificado como acima de 8 (oito), é catástrofe na certa! Isso se falarmos de terremotos... (O que não chega nem perto do presente caso). No colégio, dele, todas as professoras já perceberam. Algumas chegam para mim e dizem: Pai, atenção redobrada no convívio familiar e no contato com as outras crianças da rua, viu? A cada momento, que se passa, eu fico mais abismado. A mãe nem se fala... Vive apegada aos seus princípios religiosos, torcendo para que tudo dê certo e que o nosso filho consiga compreender o grau de complexidade do nível que ele atingiu.

Particularmente, só comecei a perceber quando passei a conversar com ele... Aliás, diga-se de passagem, pouquíssimo tempo durante o dia. Apenas no caminho para a escola, na parte da manhã; Na ida aos seus treinos de Karatê, à tarde, e após o jantar, à noite, é óbvio! Pois bem! No nosso papo, ele sempre relatava uma nova forma de observar tudo ao seu redor. Sua identificação com alguns elementos um tanto quanto diferentes na sociedade. Disse-me que tinha novos ídolos; Queria aprender a tocar guitarra, como Peu Sousa; Quer usar um corte de cabelo, da moda, estilo dos índios moicanos. E como sugestão, indagou-me sobre a possibilidade de um brinquinho, discreto e estrategicamente posicionado acima do lóbulo da orelha esquerda... (Enquanto isso, eu concentrava toda a minha atenção nas atletas, suadas, das manhãs ensolaradas e as suas roupas coladinhas no corpo.) Uma vez interrompido, e sem muito assunto, questionei sobre o porquê disso tudo! Pois ainda era uma criança...

E numa cartada final ele trucidou qualquer tréplica da minha parte sobre este tema. Então caros amigos, estas foram as suas palavras:- “Pai veja bem! Eu tenho que usar um bom desodorante, um bom perfume, um bom celular, melhorar o visual para sair com os caras, (isso mesmo, “os caras”), (que são os colegas de classe) e paquerar umas gatinhas (que suponho, também, que sejam as colegas de classe). Porque o Senhor sabe, né? Fiz aniversário mês passado e já passei dos 9 anos. Já to grandinho!” E para alegrar ainda mais a minha cara de felicidade, com três tapinhas nas costas ele falou: “Aêêê, paizão. Seu filho já passou do nível nove!”