Falsa Tristeza

Não conseguia chorar, mas foi com destreza que colocou uma lágrima em seu rosto. Olhou para a parede limpa e a sujou de tinta preta.

As cores do seu chapéu, fez questão de esconder no cabide atrás da porta. Acendeu um charuto, fez uma oração. Se esforçou pra chorar. Choro sem mágoa, sem nada.

Tentou lembrar de cada tristeza morta, cada fratura exposta. Fez drama, pôs uma música lenta ao fundo para continuar tentar a chorar.

As lágrimas não desciam.

As lágrimas já não mais desciam.

Desconfortada com a falta de melancolia, entrou em tédio.

A velha preguiça de felicidade, o costume por limitações. A parceria com a depressão. A confortável troca da busca pelo recomeço por continuar deitada em sua cama, vendo os dias passarem.

A fresta esquecida da janela, fez refletir luz no lençol da cama e na parede suja.

Imatura. O calor que poderia aquecer teu coração e ser sinal de vida, mas não. Rendeu à ela, o título de fingida.

Lucas Mezz
Enviado por Lucas Mezz em 27/09/2011
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