A praia
Desceram em algazarra do coletivo, olhos brilhando. Nunca viram nada igual. Eram oito. A mãe, tentando em vão manter o controle, segurava no colo a menor e, como se quisesse agarrar algo no ar, chamava os mais afoitos para perto. Puseram os pés na areia. Os grãos pareciam fazer cócegas enquanto iniciavam uma corrida rumo à água.
Participavam da grande estreia: roupas a caráter, o laranja corria paralelo ao azul, que adiantava-se ao verde e ao vermelho. As cores saltavam aos olhos em contraste com o escuro tom da pele.
Jogaram-se ao mar. Enfim, libertos. Os corpos agitavam-se uns contra os outros como um balé previamente ensaiado. A mãe somente os observava. Sabia que alegria não se controla.
Gotas salgadas pulavam misturando-se aos cabelos crespos, espuma batendo forte nos sorrisos, pupilas tão brilhantes prontas a ofuscar os raios do sol. Incansável algazarra. Assustaram um casal que passava. O homem olhou ressabiado, a mulher torceu o nariz. Afastaram-se. “Que bom”, pensou a mãe. Não queria seus filhos perto dessa gente.