Paradigmas urbanos
Tudo em seu lugar naquele dia estava.O carteiro fugindo dos cães , os motoristas disputando o melhor lugar na rua , o padeiro enfeitiçando a todos com o cheiro do pão quente recém saído da fornada e eu ali , na beira da rua , olhando e sendo consumido pelos raios do sol de dezembro.Endiabrado , com a cabeça latejando e a roupa colada em mim , até mudando minha identidade.
Silêncio?Não existia.Eram buzinas , ruídos de músicas vindas dos bares , choro de crianças mimadas e os pensamentos ignorantes e desprovidos de amor dos camelôs , que abusavam de frases prontas.Meus olhos se afogavam naquele mar de gente que ia e vinha por todos os lados , fazendo-me entrar no êxtase de uma loucura , a qual considero rotineira de toda quinta feira.
Como padrão de toda cidade grande , o cheiro do consumismo se espalhava facilmente e contaminava quem dizia ser comunista ao extremo , os socialistas de plantão que discutiam suas teorias , tomando uma caneca de choop e jogando xadrez , sobre a utopia que surgiu no século das luzes.Eram mortais....meros mortais que indagavam em seus intensos pensamentos:Ser ou não ser...seria a questão e, por isso , construíam um sonho de liberdade em meio as grades gordas , naturais e inafiançáveis.