A poesia
Atento às horas , olhos fixos e corpo refém do sol escaldante , procurava Sr.Manoel da esquina.Este escrevera com grande opulência a poesia que havia lido e me deixado intrigado. Soneto único , com métrica perfeita , subjetividade imensa o bastante para atrair todos os mundos e sincero tom de padrão.
Lembro-me perfeitamente de estar andando na orla da praia ao fim da tarde , na companhia de um leve vento.No meio de minha passada , um papel sem rumo me agarrou como um ser solitário e desprezado.Um papel esverdeado , em forma de ilusão com muitas palavras , que atraíram meu olhar grandemente.Por isso , parei na frente de um banco de cimento e sentei-me junto com o nada para pôr em ordem o que estava lendo frente ao pôr do sol.
As letras estavam enfileiradas e formavam palavras que , juntas formaram frases , divididas em estrofes.Lia com a respiração ofegante , o peito em fervor e os pensamentos naquele escrito.As ondas davam ritmo e musicalidade a leitura , me fazendo clamar pala perpetuação daqueles instantes. O último verso:´´Deixe-me livre para ser o que a liberdade me tornou!``.Ler isto , me fez parar e pensar qual seria o real sentido daquilo e o que seria eu?O que a minha própria liberdade havia me tornado?Haveria liberdade?
Fechei o papel em minhas mãos e antes que a noite ofuscasse minha visão ,vi atrás do papel letrinhas escritas em forma de chuva que se combinavam formando:´´Escrito pela alma de Sr.Manoel da esquina.Mas , que esquina seria essa?A do centro ou do subúrbio?
Precisava achá-lo , mas não sabia onde ,pois só sabia que era o Manoel da esquina , de qualquer esquina e isto , era tão misterioso quanto a minha liberdade , que não sei se a possuo , nem em que esquina está.