INOCÊNCIA/ À TODOS OS RECANTISTAS
Esta história começou em 1968, uma mocinha de
treze anos começava a namorar...Eram tempos
de repressão, os militares estavam no poder, a
revolução era algo ainda recente no país..
Então ela foi conversar com a irmã mais velha, tinha
algo muito importante para perguntar.
E com seu jeito sério disse: Estou com uma dúvida,
quando vamos namorar, e sentamos juntos durante
a brincadeira dominical, ficamos de mãos dadas, não
sei se devo colocar nossas mãos junto dele ou junto de
mim, se colocar junto dele, ficarei em contato com ele
se colocar junto de mim, ele ficará em contato comigo..
O que faço?
A irmã achando aquilo engraçado, tentou deixar a menina
tranquila e disse: Olha, não se preocupe, de qualquer for-
ma está bom, relaxe, minha irmã..
O tempo passou..quarenta e três anos...e a menina hoje
é uma mulher madura..ontem ela viu uma reportagem sobre
gravidez na adolescência..Uma mocinha de treze anos
grávida...sem nenhuma estrutura..
Então ela se lembrou do que aconteceu com ela..
O namoro curto, a separação, a total ausência de contato
físico, a repressão..
E sentiu uma ternura imensa pela menina que um dia foi
e que se perdeu no tempo e no espaço..
O que será que é pior?
A repressão que paralisa, ou a permissividade que
escraviza?
Será que um dia os jovens conseguirão encontrar equilíbrio?
Onde está o certo?
Qual é a equação para um problema que sempre existiu
que é a sexualidade?
Como os pais podem ajudar os filhos a encontrar um ca-
minho que não os prive do amor e que não os prejudique?
Deixo aqui em aberto esta discussão..