A arte de saber morrer e outras conjecturas.
Se estas com consciência tranqüila, eis o primeiro passo importante!
Jamais ache que poderá consertar o mundo com seus seres pensantes, com suas idéias e ideais itinerantes! Seria infantilidade sua pensar assim. Algo que se lê no jardim de infância.
O homem, por natureza, é mal e vingativo, fraco e perdoável, simples e sensível, com suas raras exceções, raros lapsos de bondade, de maldade, raros lapsos de puerilidade!
Tudo, todos dependentes de seus estados de espírito, suas doenças, drogas, problemas, neuras, crises, seus íntimos e tudo mais que se vê por aí. Não ache e nem queira consertar o mundo!
No fim das contas, caso assim prossigam, acabarão loucos feito o Heleno, o Frederico, o Lima, o João e outros milhares de loucos do mundo que, porventura, um dia tentaram consertar os homens e o mundo.
Isto aqui não tem cura. Não bastam religiões, crenças, rezas brabas, surtos de lucidez, seitas exóticas, cultos milenares, aqui a coisa é feia. Nem sempre o mais forte vence, nem sempre o mais fraco perde, nem sempre quem está certo fica com o resultado final, e vice-versa, aqui é o mundo cão, por isso existe (tem que existir!) outro, justamente para justificar a falta de justiça deste!
A cabeça do mundo sempre teve suas caspas, piolhos e seborréias, por mais que antídotos desenvolvessem!
Diarréias eliminaram milhões de vidas ainda em tenra idade.
Quantos miseráveis de idades e épocas atemporais não sofreram e se quedaram frente às dores, sejam quais forem; quantos não sucumbiram diante dores de cabeça, costa, rins, dores estomacais?
Chega a hora em que não se agüenta mais, e a única palavra a dizer é “This is the end, my friend!”
Morrer é perder ente querido!
Morrer, de alguma forma, é deixar o amor de sua vida ir embora e ficar olhando pela fresta da janela...
Morrer é se ver só e injustiçado, injustificadamente, sem palavras de defesa, sem meias palavras!
É não conseguir ir ao banheiro à noite devido a tanta tristeza!
Morrer é o ato mais solitário que existe na vida humana! É não querer acordar mais.
O homem que morre vê tudo e todos se indo para um lado enquanto ele parte pra outro lado, um lado ralo do buraco, um túnel sem luz! É como quando não se sabe mais de que lado está e nem quem está de seu lado! É quando querem que você pague o que não deve, e o que nem sabe do que se trata!
Morrer é como não querer mais abrir a boca e mesmo nem ter mais como fazê-lo, nem por que, nem motivos, nem sei lá o que. É como se não existissem mais ouvidos a fim de ouvi-lo nem alimentos, sons, perfumes e perguntas que porventura saciam suas ânsias.
É como se acreditar em vários deuses, não em um só; como acreditar que si próprio é um deus, e ver que não era nada daquilo, que tudo não passava de embromação, que te tratavam como paspalho...
É se achar grande ou pequeno demais para passar no buraco...
É se achar importante demais e ver que não era nada daquilo...
Todos erram demais, diariamente, não se apoquente com isso, como bem o disse Paulo!
Morrer é quando se é diferente, ou se torna tal, e por isso se paga, se paga..., e se recebe com vingança e sangue...
Já morri várias vezes, por isso sei que digo!
Existem pessoas que morrem diversas vezes numa mesma estadia...
E estão todos perdoados...
*No próximo capítulo: “A Arte de Saber Viver e Outras Conjecturas”.
SAvok OnAitsirk, 26.09.11.