Arte-Fato

Uma explicação sempre cabe bem. Muitas coisas podem ser esclarecidas com somente uma palavra.

Isso pode acontecer em vários momentos e em inúmeras situações.

Quando não entenderem o seu comportamento, seu completo desprendimento e aquela vontade de gritar…

Quando rirem dos seus gostos, dos seus gestos, caras e bocas, do seu rosto ou de qualquer coisa que você insinuar…

Naquele dia em que você está de ressaca e te perguntam por que beber tanto, por que dormir tanto ou por que tanto, tanto, tanto…

Quando virem você vagueando, com o olhar para baixo, aparentando arrependimento qualquer, perguntarem-lhe qualquer coisa e você nem mesmo acenar…

Quando numa festa você quiser chorar, ou num velório sentir vontade de rir…

Naquele momento em que você cantarola a mesma música um trilhão de vezes somente pelo apreço às palavras que alguém usou para compô-la, isso se a letra não for sua…

Sabe aquele pôr-do-sol que só você achou fantástico e aquele desenho na nuvem que só você viu? Sabe aquela piada que só você riu? Lembra daquele momento em que só você não entendeu o que as pessoas queriam dizer?

Lembra quando ninguém entendeu seu ponto de vista? Quando chamaram de lixo o que você tratava por arte e de louco quem você chamava de artista?

Nem todos possuem a mesma sensibilidade.

Algumas pessoas são metódicas, simétricas, completas, perfeitas, egoístas, até inteligentes e nenhum pouco inconseqüentes. São frias, altas, magras, felizes, cheias de virtudes, dadas para negócios, para contas, para tudo e mais um pouco…

Estas são as pessoas normais.

Outras são desordenadas, perdidas, complexadas, relapsas, intransigentes, incompletas, vezes burras, vezes sábias… noutras tão distantes que não há como saber…

São talvez como eu e certamente como você.

Desprendidas e descomportadas. De traço leve ou marcante, pintam o sete, o oito, o nove…

De gostos e gestos estranhos. Bebem muito ou são naturebas ao extremo.

Vagueiam sem olhar para nada, percebendo tudo e pensando em silêncio. Vezes se arrependem, vezes não. Vezes acenam, vezes não… são, como dizem alguns, “de lua”.

Choram à toa e riem por nada. Cantam as mesmas músicas ou então compõem várias canções para a mesma pessoa… na mesma inspiração de sempre, mas sempre com palavras diferentes…

Adoram o pôr do sol, ver desenho e formas nas nuvens e sorriem frente às próprias desgraças… são, por completo, impossíveis de entender…

Os normais os tratam por loucos e chamam sua obra de lixo…

Por isso, é preciso explicar… mesmo que numa só palavra… por mais que pareça que explicação alguma exista… estes loucos, como eu e você, podem ser chamados de ARTISTA.