chimarreando só e com o olhar perdido nas lembranças do que já foi

Na manhã fria e cotidiana doutro dia, cevei o mate que há algum tempo não me apetecia; sem motivo justo ou aparente, a cuia foi se escondendo no armário e a erva apodrecendo na lata. Purungo encontrado e ilex paraguariensis comprada nova, fez-se o esperado momento do reencontro, não com o chimarrão, não ao menos tão somente, mas sobremaneira o porvir da saudade e da lembrança; do sabor da infância e da memória do antes.

E não foi por acaso, a cuia presente da mãe, adquirida numa festa da nossa cidade do interior com nome de santo, gravado à brasa, junto do ano “2004” e da palavra “Felicidades”. A bomba presente do pai, e que vasta lembrança me traz. Brinde da loja que transformou o sonho do velhito em realidade, o caixeiro viajante, transportador de grãos e saudade, a trouxe dentro do caminhão, e me ofertou de coração, no ano de 1999.

Mas eu não estava solito, à par das paragens perdidas… no primeiro gole balbuciei engasgado – parecendo sentir o cheiro do mato – “chimarreando só, este amargo é o mais amargo que se tem…” e na última tragada, refestelado pelo sabor da erva, pelo cheiro da história e pelo ardido da água quente, cantei quase declamando, em voz alta e constante que “Porém mais vale pra um gaudério esta saudade, do que não ter saudade alguma para sentir…”