A DÚVIDA DA BORBOLETA AZUL

Ela nasceu em um mundo diferente, bem diferente. Era temida, nem tanto por algum requisito seu, mas principalmente por sua feiura, era uma lagarta que queimava, que rastejava, que nunca ninguém a admirou, nem pelo menos por adubar a terra que alimentatanta gente.

Era um mundo solitário ao meio do desprezo de todos.

De repente ela "tinha" que passar por uma transformação, uma brusca transformação.

Teria que ficar imóvel, inerte a tudo, apenas quieta vendo tudo a sua volta se direcionar a diversos rumos.

Um período que parecia nunca acabar.

Era terrível. Agora o vento poderia deslocar esse casulo, ou mesmo qualquer animal. Como podia ser tão difícil esse período. Para qualquer outro serr isso parecia ser cômodo. Ficar quieto e esperar as coisas acontecerem.

E o dia chegou, o dia da transformação.

Agora era linda. Uma borboleta azul, era uma raridade da natureza, suas asas eram incoinfundíveis, eram grandes, de um formato indiscutivelmente lindo!

Mas como usar aquilo?

Era algo novo, tenebroso, ser lindo era encantador, mas ainda por ser admirado por todos.

Mas agora o que fazer?

Era tudo diferente, era novo, nunca antes alguém ficara tão perto dela, inclusive nunca ficaram tão boquiaberto por sua graciosidade.

Engraçado, ela nunca pensou que seria difícil ser belo e admirado, isso a encomodava mas ela não conseguia ter a sua privacidade.

Ficou numa folha ao alto de uma árvore e tentava movimentar as suas asas, intrusas asas, as que ela não pediu para ter, não queria ser bela, admirada, era bem melhor quando era desprezada ou temida, pois parecia ser respeitada e por isso a sua privacidade a deixava ir e vir por caminhos e trechos que ela queria estar.

Agora pensava:

-Se eu voar levarei comigo os olhares por onde eu for.

Eis que algumas borboletas percebendo que a borboleta azul não começou ainda a voar e já tinha passado um longo período de tempo, voaram para perto dela e indagaram-na:

-Você está sentindo dor em suas asas?(disse a borboleta branca)

-Você tem medo da altura?(falou a borboleta amarela)

-O que acontece com você?(comentou a borboleta marron)

-Você tem medo da liberdade?(argumentou a borboleta esverdeada)

Enfim todas estavam preocupadas com a nova colega do jardim.

Eis a borboleta azul calada e apenas a observar cada indagação de suas supostas colegas.

Pensou muito e respondeu:

-Esse mundo não é meu, me recuso a voar, sei que não serei feliz neste mundo de vocês, que para mim é muito supérfluo, apenas de apaências, onde tudo parece belo, mas na realidade é apenas ilusão de ótica.

Todas as borboletas ficaram pensativas.

E a borboleta azul ficou no mesmo lugar, se recusava a voar. Eis que o tempo passou e ela deixou que os ventos balançassem a folhagem que ela estava, sem que ela se deslocasse.

Tiraram fotos dela, admiraram-na e notaram a sua raridade, mas já era tarde demais para valorizar sua existência, sua morte seria inevitável.

E a pergunta que não quer calar:

SER ESPECIAL, EXCLUSIVA, RARA, DIFERENTE PODE ASSUSTAR A SI MESMO E PREJUDICAR AS TOMADAS DE DECISÕES NECESSÁRIAS PARA UM BOM RESULTADO.

CIDA MOURA
Enviado por CIDA MOURA em 26/09/2011
Código do texto: T3241997
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