Para todas as avós e todos os avôs do Recanto

A CASA AMARELA DA VOVÓ

(Quem quiser que invente, aumente e conte outra vez)

JG foi apresentado à casa da vovó quando ainda era bem pequeno. Mas, aos três anos já sabia que aquela era a “casa amarela da vovó”, onde passava sempre parte de suas férias. Era uma casa cheia de surpresas. Aos seus olhinhos tão curiosos parecia mesmo mágica. De verdade, não era toda daquela cor, apesar de um amarelo forte predominar no muro, na lateral e na frente da casa. As grades e portões eram brancos e nas janelas havia também um azul marcante, mais para o roxo. Além do colorido das flores que embelezavam as floreiras na frente da casa.

O quarto em que JG dormia com a sua mamãe era especial: além de muito grande, com espaço até para correr, possuía uma pintura bem extravagante em uma de suas paredes. JG ficava extasiado com tantas cores e figuras: um sol bem grande e todo risonho, barco, estrelas, balão, baleia, bandeira do Brasil, borboleta, gato, peixes, uma bruxa em sua vassoura, joaninhas... Ali parecia caber qualquer coisa da imaginação! O melhor de tudo era saber que havia sido pintado por sua mamãe quando criança... Para completar, ainda havia a imensa gaivota de madeira que pairava imponente e silenciosa bem acima do berço em que ele dormia.

No fundo da casa, tinha a varanda. Mas, que varanda! Toda fechada com janelas de vidro e com uma imensa mesa de madeira e dois bancos que mais pareciam grandes barcos. E, para alegrar ainda mais o lugar, várias coloridas araras de madeira dependuradas no teto. Mas, o melhor mesmo era o assento reservado para o JG. Vovó tomou um quadrado inteiriço de madeira e pintou cada uma de suas seis faces de uma cor. Toda vez que fosse se sentar, JG escolhia a cor preferida. Era uma festa: uma hora, o azul; depois, o verde; não, queria o rosa; quem sabe, o vermelho, o amarelo, ou o alaranjado ? Foi uma forma criativa que vovó encontrou para fazer JG se interessar pelas refeições.

O quintal ao lado da casa, então, era onde quase tudo era permitido. Às vezes, o almoço era no quiosque, cercado de plantas. No gramado, podia-se jogar bola, arremessar os aviõezinhos de papel feitos pelo vovô, ou construir uma fazenda imaginária com restos de madeira, alguns brinquedos e qualquer outra coisa que servisse para imitar animais. Além, é claro, de construir estradas na grama para a passagem dos tantos carrinhos. Era, também, o espaço compartilhado com a Flora, uma velha cadela mestiça e muito peluda, e com a Jennie, uma simpática e muito amistosa gatinha preta e branca. Horta, jabuticabeira, flores, passarinhos, ipê roxo, mexeriqueira, coqueiros; o quê mais era preciso? JG se divertia com tantas descobertas...

Era mesmo de não se esquecer. De volta à sua casa em Natal, JG tinha sempre na memória a felicidade dos dias passados na “ casa amarela da vovó “.( Jovino Moura Filho)

_Recebi essa crônica de uma amiga,com um recado junto: texto escrito por seu amigo de infância.Fiquei tão emocionada que resolvi postá-lo aqui ,provocando todos os avós: escrevam para seu netos contando das experiências vividas juntos.Eu escrevo cartas para os meus dois netinhos desde que nasceram: tesouros valiosos hoje e no futuro .

Maria Neusa em setembro de 2011

Jovino Moura Filho
Enviado por maria neusa em 26/09/2011
Reeditado em 26/09/2011
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