Meu mundo conotativo

Naquele dia acordei com os raios daquele sol imperial , que embrasavam o céu de forma homogênea.Minha moleza foi deposta pelo som orquestral vindo das ondas do mar , as quais se partiam nas pedras mumificadas pelo tempo.

Os meus olhos....bem..os meus olhos pareciam estar meio empoeirados e turvos pelo tempo que ficaram fechados , sem ver toda a ação dos agentes da natureza.Meus pensamentos estavam estilhaçados , sem direção e originalidade para me guiar. Minhas narinas estavam famintas , querendo sentir o cheiro do sal das lágrimas da maresia comovida por seu próprio EU.Por isso , corri para a janela e entrei na órbita aprisionada e impedida de se misturar por aqueles vidros blindados por limites.

Lembro-me bem , que o vento tonteava o ósculo apaixonado dos casais interligados , se tornando de certa forma , um só. Aquela imagem nostálgica pintou os reflexos dos meus olhares sem diretrizes , que retomavam as primeiras vontades. Em alguns segundos frente à toda aquela satisfação , minha alma ficou baratinada e completamente farta.

Fechei a janela , provocando um estampido seco , lembrando um tiro , me tornando novamente refém e necessitado por me saciar das metáforas.Corri para o espelho , me afogando em minhas interrogações e em minha abstinência visual.Enxuguei ainda ,a cachoeira de suor que descia pela minha testa e fiquei estático. Minha sombra havia sumido no oceano de minha ilusão e , por isso , me sentia extremamente solitário.

A altíssima música que o silêncio bravamente cantava , entrava pelos meus poros , ecoando no mais profundo de minhas estranhas entranhas. As paredes estavam loucas para desabarem sobre mim e esmagarem minha caustrofobia.Elas ainda dançaram sedutoramente , sem nenhuma vergonha. Estava eu completamente dependente de sentir o cheiro de vida ali contido , amava com todo o amor que se pode sentir , aquele cheiro adocicado e delicadíssimo.

Sentei-me em minha cama , deixando que seu charme me acalentasse e com sua prosa me fizesse esquecer por alguns instantes minha fortíssima fraqueza.Desmoronei sobre os lençóis embrulhados em todo o cansaço que havia eu depositado ali e com os olhos pouco abertos, olhei fito para o lustre cheio de brilho , o qual lembrava toda uma galáxia. Então , os fechei totalmente e deixei que a força daquela órbita a qual havia aprisionado , me arrebatasse

O meu mundo é louco e a normalidade não é pária para ele.Não sou mais um e sim , a parte pelo todo sendo isto , o principal paradigma realmente necessário a ser seguido.Quanto a mim, peço sempre desculpas para ele , por tê-lo criado assim e por eternizar assim sua existência.Sou ainda , o criador de seus detalhes , interesses e desejos.O originei na beira do mar da inocência , que ainda era sem vida alguma e foi feito por minhas palavras.

Uma tarde , ao invés de um dia inteiro , pois o dia só será considerado inteiro , se tiver acontecido uma tarde triste ou feliz.Na beira do mar , onde ilusões foram perdidas , onde Cervantes pensou em Dom Quixote e onde Stendhal pensou sobre o vermelho e o negro.

Só posso garantir que esta obra prima não é mais intensa , complexa e angelicalmente diabólica , porque a tinta da caneta , que transcreveu a minha mente naquela tarde inventada, acabouu!

JBorsua
Enviado por JBorsua em 26/09/2011
Reeditado em 16/02/2014
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