Vovó em Rubro-Negro.

Era sexta-feira e eu saí da faculdade correndo, louca pra chegar em casa. Peguei o ônibus, estava quase cheio e com poucos lugares para escolher, sentei ao lado de uma senhora já de bastante idade na qual sem muita demora, já puxou conversa comigo. Logo nas primeiras palavras trocadas vi que se tratava de uma Flamenguista doente. E numa segunda impressão, quando vi seu chaveiro com o mascote Urubu, confirmei. Durante a viagem, ela me contou sobre fatos de sua vida e sua família e não demorou muito para falar uma de suas paixões: O time do coração. Me falou em grande parte sobre como é feliz em torcer para o Flamengo. Seus olhos pequeninos exaltavam amor e experiência, enquanto me contava das glórias e momentos marcantes que viu o time da Gávea conquistar. Me falou também da diferença do torcedor Rubro-Negro e as reações que isso provoca no Rio de Janeiro, no Brasil e pelo mundo a fora. Suas palavras eram de uma sensatez magnífica, soando como um espetáculo aos meus ouvidos.

Particularmente, eu estava maravilhada com tudo que aquela senhora me dizia e com uma raridade incrível, desejei que aquela volta para casa demorasse um pouco mais. Muito clara no que falava, abriu sua bolsa, que por sinal tinha um escudo do Fla bordado na frente, e me mostrou uma foto que levava na carteira com seu filho e seus dois netos vestindo o manto Rubro-Negro na final do Brasileiro de 2009. Enquanto eu observava a fotografia, ela comentava a alegria desses netos ainda pequenos, de ver aquela emoção de uma final com o Maracanã todo em vermelho e preto.

Na medida que eu queria conhecer mais suas histórias, a viagem chegava ao fim. Na saída do ônibus, ela me disse: "Você ainda é nova menina, ainda vai chorar e sorrir muito com o Flamengo. Sorrir principalmente, porque torcer pra esse time é bom ganhando ou perdendo. Você como Flamenguista, entende que só quem é, sabe que o nosso Mengo é paixão pra vida toda." Um pouco emocionada, senti minha boca abrir pra dizer algo como "Essa é uma das únicas certezas que eu tenho, até morrer". Ela me deu um sorriso cansado, porém confiante e se despediu. Eu dei um sorriso agradecido com o olhar que por hora imaginei estar brilhante. Uma simples vivência com uma figura ilustre... E claro, mais uma Flamenguista de levantar aplausos e tirar o chapéu.