O cão e EU
Eu minino em Realengo indo para casa de minha avó Philó andando pelas ruas de areia. Não era perto, mas não tão longe que minino de sete anos não pudesse caminhar. Na longa estrada onde ficava a casa de avó ficava o sítio do seu Teixeira, todo um lado da estrada era sítio do Seu Teixeira.
Sinto agora cheiro de estrume das vacas do seu Teixeira. Ali morou a vaca estrela que produzia o único leite de vaca que eu nascido aceitei beber. Dali a gente roubava frutas e corria dos tiros de sal do seu Teixeira. E foi dali que saiu meu primeiro cão que na verdade revelou-se cadela.
O cão cadela saiu pela cerca viva e arame farpado ainda filhote, cambaleando chegou pertinho de mim, eu andava ele me seguia, eu parava ele parava, eu andava ele cambaleava, eu peguei no colo e levei pra casa. A casa do meu quintal e das três mangueiras, a mesma casa onde eu era infeliz e não sabia.
Fortaleza. Não sei quem escolheu o nome para ela, sei que ela e eu nos divertimos muito por alguns anos. Até que ela conheceu namorados e teve cachorrinhos. Fortaleza tinha desvio de conduta, ela comia os filhotes. Gostava de rolar em carniça, voltava para casa fedendo pra cachorro. Deu de criar carrapatos aos montes.
Não lembro como fortaleza saiu de minha vida, não lembro mesmo. Não lembro se morreu ou se foi expulsa de casa. Expulsa do quintal, ela não entrava em casa. Cachorro morava em casa de cachorro no quintal, cachorro não era chamado de meu filho, cachorro não vestia roupinhas de criança humana e não andava em carrinhos de bebê. Cachorro era tratado com dignidade.
Para quem ainda não entendeu; eu gosto de cachorro. Eu detesto a relação homem cachorro nos dias de hoje. Acredite se quiser, eu conheci dois filas brasileiros morando em apartamento de 60 metros quadrados. Eu conheci husky siberiano morando em apartamento no verão carioca de 38 39 40 graus. Essa gente gosta de cachorro?
Eu gosto de cachorro, eu não me relaciono bem é com gente que diz gostar de cachorro. Eu fico puto ouvindo gente humana chamando cachorro de filho ou neto. Eu gosto de cachorro, e gosto tanto que não tenho nenhum. Se eu morasse em casa com quintal eu teria, mas ele viveria no quintal, nunca dentro de minha casa. Eu cuidaria dele, não caseiros.
Vou repetir uma coisa que eu já escrevi em comentários. Se aquele deus em que você diz acreditar, acordasse do sono em que caiu depois da criação de tudo que criou nesse planeta, ele não ia entender nada ao ver sua imagem e semelhança dormindo ao relento e comendo lixo, e do outro da rua cachorro dormindo em lençois de seda e comendo lauto manjar.
“Quem olhasse pela janela para a sala de estar, não distinguiria porcos dos homens”. Li algo parecido em algum livro.
Eu minino em Realengo indo para casa de minha avó Philó andando pelas ruas de areia. Não era perto, mas não tão longe que minino de sete anos não pudesse caminhar. Na longa estrada onde ficava a casa de avó ficava o sítio do seu Teixeira, todo um lado da estrada era sítio do Seu Teixeira.
Sinto agora cheiro de estrume das vacas do seu Teixeira. Ali morou a vaca estrela que produzia o único leite de vaca que eu nascido aceitei beber. Dali a gente roubava frutas e corria dos tiros de sal do seu Teixeira. E foi dali que saiu meu primeiro cão que na verdade revelou-se cadela.
O cão cadela saiu pela cerca viva e arame farpado ainda filhote, cambaleando chegou pertinho de mim, eu andava ele me seguia, eu parava ele parava, eu andava ele cambaleava, eu peguei no colo e levei pra casa. A casa do meu quintal e das três mangueiras, a mesma casa onde eu era infeliz e não sabia.
Fortaleza. Não sei quem escolheu o nome para ela, sei que ela e eu nos divertimos muito por alguns anos. Até que ela conheceu namorados e teve cachorrinhos. Fortaleza tinha desvio de conduta, ela comia os filhotes. Gostava de rolar em carniça, voltava para casa fedendo pra cachorro. Deu de criar carrapatos aos montes.
Não lembro como fortaleza saiu de minha vida, não lembro mesmo. Não lembro se morreu ou se foi expulsa de casa. Expulsa do quintal, ela não entrava em casa. Cachorro morava em casa de cachorro no quintal, cachorro não era chamado de meu filho, cachorro não vestia roupinhas de criança humana e não andava em carrinhos de bebê. Cachorro era tratado com dignidade.
Para quem ainda não entendeu; eu gosto de cachorro. Eu detesto a relação homem cachorro nos dias de hoje. Acredite se quiser, eu conheci dois filas brasileiros morando em apartamento de 60 metros quadrados. Eu conheci husky siberiano morando em apartamento no verão carioca de 38 39 40 graus. Essa gente gosta de cachorro?
Eu gosto de cachorro, eu não me relaciono bem é com gente que diz gostar de cachorro. Eu fico puto ouvindo gente humana chamando cachorro de filho ou neto. Eu gosto de cachorro, e gosto tanto que não tenho nenhum. Se eu morasse em casa com quintal eu teria, mas ele viveria no quintal, nunca dentro de minha casa. Eu cuidaria dele, não caseiros.
Vou repetir uma coisa que eu já escrevi em comentários. Se aquele deus em que você diz acreditar, acordasse do sono em que caiu depois da criação de tudo que criou nesse planeta, ele não ia entender nada ao ver sua imagem e semelhança dormindo ao relento e comendo lixo, e do outro da rua cachorro dormindo em lençois de seda e comendo lauto manjar.
“Quem olhasse pela janela para a sala de estar, não distinguiria porcos dos homens”. Li algo parecido em algum livro.