ENFIM SÓBRIOS...SÓ BRIOS...

ENFIM SÓBRIO...SÓ BRIO...

BETO MACHADO – 17/09/11

A minha sobriedade plena, em relação aos líquidos etílicos, hoje faz dezoito anos ininterruptos. Dos meus sessentinhas bem rodados desperdicei alguns verões e boas primaveras mal percebidas, outonos e invernos ignorados, tanto que, às vezes, me custa muita reflexão acreditar que tenho essa idade.

A devastação que o alcoolismo produz na vida do ser humano tem um tamanho inimaginável. Felizes aqueles que se libertam dessa patologia, e eu sou um desses que a natureza pavimentou e iluminou o Caminho da Liberdade.

Aos dezessete dias de setembro do ano de 1993, no bairro de Campo Grande, Rio de Janeiro, renascia um cidadão brasileiro, ávido para recuperar sua consciência crítica, seu prestígio diante dos admiradores de suas músicas e a confiança por parte de sua família...

Estes poderiam ser os termos iniciais de uma nova certidão, a do renascimento do cidadão ROBERTO C. MACHADO.

Para fazer jus a receber esse certificado de “alforria” precisei interromper, definitivamente, um longo período de consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Só o exagero na ingestão dessas bebidas me produzia prazer. Todas as outras coisas se me apresentavam como obrigações ou futilidades.

Mas dessa nebulosa época da minha vida eu tirei algumas conclusões lapidares: - a graduação das amizades fica mais perceptível, quanto mais perene se torna seu estado de abstemia; - as cores se nos mostram com tonalidades diferentes, a cada instante, na mesma proporção das mudanças do nosso humor, e essa percepção está quimicamente ligada a nossa sobriedade. É evidente que só fui perceber isso algum tempo depois de estancar o meu etilismo.

Não vejo a necessidade de expor, nem de enumerar os atos lastimáveis que eu cometia quando me encontrava em estado etílico adiantado – forma eufemística de se referir à bebedeira exagerada – fosse na rua, fosse em casa. Fatos negativos prestam muito pouco para servirem de exemplo. Prefiro relatar as coisas positivas ocorridas na minha vida pós alcoolismo.

A felicidade passou a conviver comigo e, a partir daí, tudo ficou mais lúcido, mais tranqüilo. Principalmente para a formação de patrimônio material e de recuperação, expansão e divulgação do patrimônio imaterial.

Hoje me vejo jogando num time que é adequado à minha capacidade. Sem perder de vista que o alcoolismo não tem cura, me mantenho em abstemia total e venho há dezoito anos me colocando a disposição daqueles precisam de um depoimento informal para reforçarem suas pretensões à LIBERDADE.

Comecei escrever esse texto no dia 17/09/11.

Terminei hoje 23/09/11.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 23/09/2011
Código do texto: T3236576
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