MORRER POR CARIDADE.JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI

Pedrinho, meu querido filho de Pery, amigo que tanto prezo. Você, como ele, moram dentro da casa em que cultuo o respeito pelos valores maiores que têm pai e filho. Falar da Patrícia em nossos dias é hino ao louvor, ao trabalho e, principalmente, ao que a sociedade passou a administrar como certo por tanto de errado que se tem como exemplo da hierarquia nefasta que se expande.

O exemplo nasce do alto, o menor segue o maior. Ninguém está ao lado do mais fraco, do mais pobre, Patrícia estava...E esse exemplo se mostrou de forma dura, quando se viu a magistrada Patrícia saindo de seu trabalho já com o Fórum escuro e deserto, caminhando como comovido referiu seu pai, dela padrinho, um segundo pai, para o quê(?).

Trabalhava em favor daqueles que são executados sem direito ao abrigo da lei, destinatária de TODOS. Tentava mostrar que TODOS nascem sob o mesmo sol e têm direito à proteção da mesma lei. Patrícia, como disse ao seu pai, começou como a "mais simples servidora" da justiça, e para minha honra, ao meu lado.

Contrariamente ao que diz seu pai, e ela mesmo ratificava por imensa generosidade, me apresentava a terceiros como sua escola, quando ela era a escola pelos princípios já abraçados que a sociedade recusa.

Era um facho de luz ainda nova, a buscar no cárcere pugnar por aqueles que não tinham defesa. Ia espontaneamente em busca desse ideal, a ponto de alertá-la para os perigos dessa empreitada. Já caminhava para ser imolada pela caridade de fazer justiça, a mesma sinalizada pelo Cristo, o que se deu no dia dos que buscam a feitura da justiça, do direito, "DIA DOS CURSOS JURÍDICOS" no Brasil

O direito não morreu como diz em comparação brilhante Damásio de Jesus, no artigo de sua lavra publicado que você me envia. O direito é luta, pontificava Ihering na "Luta pelo Direito", bíblia da ciência-mãe.

Mas no Brasil a luta vem sendo perdida e, embora secunde em tudo a opinião do nobre professor, com quem em muito me alinho, discordo do que assenta, sic:

"Creio na força e na vitalidade do nosso Poder Judiciário. Confio nas corporações policiais civis e militares, no Ministério Público, na Imprensa, enfim, em todas as forças vivas da Nação. Aguardo uma ação, não uma reação, impondo uma urgente mudança de rumos à prevenção e repressão ao crime organizado e à criminalidade de massa no Brasil."

Sob esse ângulo da respeitável citação, embora o gênero não alcance a unanimidade, sobre algo felizmente em espécie, não me animo ao consenso.

Não significa que vou deixar de lutar em meus limitados espaços. Abraços. Celso F. Panza

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Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 23/09/2011
Reeditado em 23/09/2011
Código do texto: T3236259
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