BRUCE – O PIT BULL

Com o passar dos dias, Bruce e eu nos tornamos muito bons vizinhos.

Todas as manhãs nós batíamos um papinho sem compromissos e sem cobranças.

Desses papos onde quando um fala o outro só presta atenção porque, eu ainda não aprendi a latir e não conseguia entender o que ele falava.

Mas com toda certeza ele estava respondendo.

Ele na casa dele e eu na minha, afinal não havia nenhuma necessidade para estarmos um na casa do outro.

A pequena casa que ele ocupava, a cada dia, foi ficando menor. Bruce continuava crescendo e ocupando todos os espaços.

A área do seu domínio tem em torno de 70m², pouco mais ou pouco menos, toda forrada com lajotas de concreto.

Macho, forte, ativo e belo não tinha mais como ficar confinado.

Bruce mudou.

Mudou para melhor.

Foi morar numa fazenda de criação de gado de corte.

Ele agora pode exercer em toda plenitude as aptidões de sua raça, desenvolvida para cuidar de bois.

Seu terreno agora tem a relva macia e cheirosa que compõem os pastos, onde ele poderá cavar e enterrar os ossos que por acaso consiga, vez que o ser humano condena os cães a comerem ração industrializada, composta de fibras vegetais e altos teores de Sódio (Na), sem levar em conta que eles são animais essencialmente carnívoros.

Agora ele também poderá procriar que é a principal (eu penso ser a única) razão de nossa existência.

Os cães identificam com facilidade as pessoas de boa índole e o temor da antiga “proprietária” de que ele não aceitasse a mudança, se desfez quando, atendendo a um simples chamado, Bruce entrou no carro do novo “dono” e sentou no banco de trás.

Havia o brilho da felicidade em seus olhos tristes quando ele olhou, talvez pela última vez, para a casa aonde chegou ainda bebê.

Eu desejo que meu amigo seja muito feliz...