Notas... á espera da esperança!
Lá embaixo é tudo escuro, muito frio, de gelar o ânimo, fechar o sorriso, calar a palavra bonita que o coração gosta de ouvir, coração que teima em bater ainda, bem fraquinho e devagar, não dá nem para ouvir... Lá, naqueles baixios gelados, há um mundo que se mostra parado, quase morto, sem cor, inda que fosse uma triste, do arco Iris matiz apenas, quando a gota do orvalho atriz derrete o sol em finas e risonhas cores...
Mesmo no frio e no escuro, onde um tênue coração teima em viver, deve haver uma fina sintonia, o pulsar junto, no conjunto que se agarra da esperança à espera...onde está o maestro dessa muda sinfonia? Quem vai reger o fim desta fria espera?!
O som leve de um tambor distante vai chegando, esparzi calor, sacode com morno sopro o assopro do clarim que vibra: vem vindo a Primavera! Na pauta do infinito dedilha nova variação para o tema eterno da espera. O instrumento, que é a própria natureza, tem para vibrar milhões de notas puras...notas de candura...notas de beleza!...
Saltitando pelos tons de escala menor, o pequenino rouxinol trina, gracioso, colorindo um pálido pedacinho do arrebol...entre” mínimas “e “colcheias”, a borboleta, ensonada ainda, ainda confusa, bate leve as asas, partículas de tinta produz e, no cantinho do escuro, pinta, bonita, uma “semibreve” de luz! O peixinho, quase transparente, vibra um sustenido gracioso e sacode, piano, a gota d’água do regato que...no “allegro”...moderato, explode depois em “fuga” pela relva da floresta, compondo...”maestoso”, um novo rumorejar de festa!...
Plácido, o lago “tranquillo”descansa a água cinzenta e, de inveja do regato, arrebenta em miríades de cores atrizes, estilhaçadas...que declamam...notas assustadas! também assim acordado, o “vivace” grilo alado convida: - Vamos compor melodia a quem chorava a vida no frio da espera! Saudemos a primavera...
O vagalume de há muito não teme o escuro que a noite fria produz, vence morros elevados em dueto com a cigarra. O som e a luz! Do-re-mi-fá-sol-lá-si-dó! Descem vales e penedos lisos dó-si-lá-sol-fa-mi-re-dó...vão longe, á procura dos mil sorrisos e da esperança que o adulto triste perdeu inda criança...dó-la-dó-do-sol...
Desejo-te, leitor querido, nesta despedida do inverno, que possas encantar-te, solene, em todos os compassos da nova estação e que as flores lhe sejam perenes!
Vem comigo, integra esta sinfonia! Anda! O instrumento o tens bem aí dentro...
Ao querido que esteve à espera; à querida que esteve à espera...em cada coração permita Deus que more...uma eterna primavera!
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