Uma Perigosa mudança de paradigma…

O mundo ocidental, algumas das mais influentes economias e sociedades do mundo abandonaram um paradigma social para mergulhar num económico que já mostrou ou ser falido ou alimenta outros interesses que não da sua população desses países…

Toda a gente sabe que no neo-liberalismo a mais valência é no lucro, e o lucro não tem pátria ou povo…E assim em nome desse lucro se deslocalizaram a maior parte das indústrias para nações onde o custo de produção é menor, logo o lucro é maior…Vastas áreas industriais americanas e europeias ficaram sem indústria…mas com essa população…desempregada…o que aumentou os encargos sociais, ou pelo menos criou um delicado problema social…E assim mais desempregados geram menos receitas fiscais, e em nações sem riqueza, a riqueza passa por serem os impostos…e se uma população gera menos impostos o estado tem menos meios para acudir a essa população, pelo contrário, para poder ter alguma liquidez, têm que cortar nos encargos sociais…entretanto as nações emergentes que lucram com as nossas empresas que para lá mandámos lucram também ao inundar-nos com os seus produtos de fraca qualidade mas de bom preço…ideal para uma população empobrecida…a nossa…e ao passo que os nossos bens pagam imensos impostos nesses mercados emergentes, os deles possuem uma carga fiscal mínima que os tornam ainda mais atraentes…

E assim em termos muito simplistas nos empobrecemos e eles enriquecem…obrigando-nos a abandonar as nossas politicas sociais de apoio e a estabelecer condições de trabalho precárias e miseráveis ao nível de um terceiro mundo, num primeiro mundo…E entretanto há toda uma serie de encargos ou necessidades próprias de nações desenvolvidas que pura e simplesmente não são sustentáveis, mesmo para aquelas que possuem recursos naturais, dando-se um endividamento brutal, que para o estancar se recorre a medidas de austeridade que implicam um baixo crescimento da economia e que vai fazer com que essas dividas nunca sejam pagas…e quem compra nos mercados essas dividas? Quem compra as empresas estratégicas a preço de saldo…? O suspeito do costume que assim começa a ter uma posição de domínio e de controle sobre todos nós…

Como se pode pagar dividas com medidas de austeridade…?

Não podem de todo…

E quem as impõe é a Alemanha que raras vezes na história sujeitou o seu povo a tal…Porque a ultima vez que tal aconteceu, que o povo alemão teve que viver com um governo e com medidas de que não gostava foi na década de 20…do século XX…E toda a gente sabe o que se seguiu…quem se alimentou do descontentamento popular, capitalizou este e chegou ao poder em 1933…

Não está em causa o rigor alemão que pessoalmente admiro, o que está em causa é o modelo de controle que eles não aplicam a si próprios porque não precisam dele, porque fizeram por não precisar…

Certos economistas defendem que o défice é inevitável, que o indevidamente é inevitável, pode é ser controlado e além disso há que estimular o crescimento forte da economia para sustentar esse défice…e há países que provaram que tal é indicado…que tal receita resulta…

E não podemos confiar na nossa classe politica, ou que está no poder ou na oposição, ela existe para defender os interesses instalados…desde os anos 70 que toda a classe politica deixou de fazer politica para fazer negócios…à nossa custa…Claro que há os partidos comunistas que não alinham nisto…mas a sua luta é inconsequente, nunca chegarão ao poder porque o modelo de estado comunista é utópico, logo inviável…eles fazem oposição porque lhes está na génese…mas acabam por ser inconsequentes como os outros…

O modelo que resulta é o da social-democracia certa e equilibrada…onde as preocupações sociais se equilibram com as económicas…sim isto é possível…as nações mais ricas e justas do mundo são sociais democratas…

Mas para tal é preciso ter políticos sérios que sirvam a sua população e não os seus interesses económicos ou partidários…

As nações do sul são por tradição caóticas ou corruptas…a historia mostra-nos isso…com os lideres sérios a coisa funcionava, mas está no genoma politico europeu do sul esta forma de agir…Claro que temos gente séria na politica, dedicada e competente…mas o máximo aonde chegam é a meros deputados…seria perigoso chegarem mais longe…

Claro que as coisas podem mudar, ainda se vai a tempo, mas o tempo começa a esgotar-se e estamos prestes a assistir a algo de inédito na história…: a hegemonia planetária de certas nações é algo de cíclico, um ciclo que se cumpre, e que se esgota, nasce, cresce e morre, é a lei da vida, mas estamos prestes a assistir ao fim de um ciclo e ao emergir de outro pela culpa do anterior poder, que deu ao novo poder emergente instrumentos para erigir e consolidar esse poder…Ou seja, a breve prazo a Europa e a América deixarão de mandar, de coordenar a ordem mundial por culpa própria, algo de nunca visto, um novo paradigma…

Francamente já me habituei a tal, mas custa-me assistir a tudo isto, custa-me ver tal na população que viveu uma certa prosperidade e que está e vai viver tempos bem negros, por culpa de políticos cegos, de tecnocratas insensíveis ao que se passa nas ruas, mas…quem os elege senão essa mesma população…?

Claro que as coisas são um pouco mais complexas do que isto…mas acima de tudo nesta crónica estão as razões básicas, essenciais da desordem mundial neste aspecto…de uma forma simples e propositadamente simplista, simplificada…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 22/09/2011
Reeditado em 22/09/2011
Código do texto: T3234405
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