Campanha do lixo literário

Não sou o tipo de pessoa que mete a colher na panela alheia. Costumo respeitar a maneira de ser e de agir de cada um e, da mesma forma, preservo o meu direito de ser e agir como bem entender.
Mas o assunto do qual vou tratar é conteúdo da minha panela. A gororoba do meu dia a dia, a entrada, o prato principal e sobremesa. Então, me deem licença, pois estão prostituindo a literatura e eu vou ter que meter a colher!
Não estou me referindo ao fato da maioria das pessoas não saber escrever corretamente, até porque isto não é nenhuma novidade. Estou anunciando que estão escrevendo porcaria (pra não dizer coisa pior) a fim de chamar atenção, se utilizando de palavras toscas e fuleiras para se fazer ler.
Só posso atribuir a criação desta moda reles às redes sociais, onde a busca enlouquecedora por ser seguido ou “twitado” desconfigurou o programa da ética e reinstalou, nas mentes dementes, o prazer do podre, do asqueroso, do vil. Pois, como pude perceber, são os donos das melhores “inhecas” de teor obsceno e vulgar que lideram o ranking. Uma nojeira!
Li outro dia no Twitter, frases de uma garota de fazer satanás corar. O perfil da menina, que não devia ter mais do que 17 anos, já era um soco no estômago da boa educação. Coisa do tipo: Fulana de Tal do Caralho.
Me senti tão mal lendo as frases picantes e pejorativas que rolavam em frente aos meus olhos que me desconectei imediatamente, antes que o vírus da baixaria pudesse me infectar.
Quer saber quantos “tweets” ela tinha? Muito mais de 1000.
No Facebook a coisa não é tão escrachada, mas, ainda assim, vira e mexe, alguém resolve compor um pensamento sacana, com algumas palavras e expressões que, até então, só eram utilizadas por pessoas desprovidas de qualquer nível. E a pior notícia é que quem comanda, mais uma vez, a lista dos malcriados da rede são as meninas.
Elas estão adotando o idioma do malandro, do morro, da favela, para expressarem sentimentos de forma chula e desagradável, achando que assim irão chamar atenção para si.
E chamam mesmo, porém - posso estar quadradamente equivocada – garoto nenhum quer namorar uma malandrinha desbocada. Pode até ficar e fazer todo o resto, agora, se apaixonar só por coisa bela.
E não estou me referindo à beleza física, porque isto a meninada desta geração tem de sobra. Mas não consigo deixar de imaginar estas bonecas falando palavras como porra, foda, fudeu, rabo, caralho...sem ver sua beleza se desmanchando instantaneamente sob o efeito ácido dos palavrões.
Prefiro pensar  que elas somente se dão ao lixo de exalar imundície por se tratar de palavras escritas. Quero acreditar que tenham coragem de escrever, mas que na hora de expressá-las com a voz, o lado feminino fale mais alto e as faça “amarelar”. Contudo, rezo mais do que creio.
Não pensem que estou absolvendo os homens ou que considere que para os rapazes estes tipos de expressão sejam atrativos. Cheira mal igual! Mas, na pior das hipóteses, não são tão surpreendentes e chocantes. Podemos atribuir a culpa ao machismo, à rudeza do sexo, enfim... Mas às mulheres, só posso pensar ser o fim de todo e qualquer romantismo remanescente.
E como não posso ficar calada, omissa, petrificada, enquanto estão azedando o paladar da literatura que alimenta a minha alma, deixo um recado aos pseudo-escritores.
Menina, garota, moça, senhora e homem de qualquer idade, lugar de lixo é na lixeira. Colocou no papel? Amasse-o, rasgue-o, queime-o. Colocou na net? Delete. Colocou na mente? Cale a boca. Caso contrário quem vira lixo é você. 




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Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 21/09/2011
Reeditado em 21/09/2011
Código do texto: T3233170