Velho pra Sorrir!

Sempre me chamou a atenção uma mesa de bar ou uma roda na balada composta por pessoas mais velhas que eu. Nada de fetiche com novinhas ou velhinhas, com tatoos ou rugas. O que sempre me encantou foi a força com que lutam aqueles que estão à margem de um sistema paranóico e utilitarista como o nosso.

Não estou aqui para alegar que os idosos ou coroas são de alguma forma inválidos. É exatamente o contrário. A pessoa da dita classe média cumpre um papel social que é se casar, ter filhos, um carro popular, obter móveis, uma casa razoavelmente cômoda e transparecer a imagem que está tudo bem. É como se o indivíduo não fosse mais atrativo aos desmandos de uma vitrine de grife ou de uma concessionária.

Há muito pouco tempo, sentia ares de chacota ao ver jovens comentando que havia um cinquentão bêbado ali querendo papar brotinhos ou então que a coroa estava procurando algum meninão sarado. Não haveria nenhum problema nisso, mas e quanto à hipótese destas pessoas serem pais, mães ou avós de família separados e que simplesmente queriam mostrar que ainda estão em campo? Quer dizer que o ser humano, depois de atingir determinada idade não é passível mais a surpresas, paqueras, danças ou até a porres?

Não sou sociólogo, psicólogo mas desconfio que a sociedade relega uma boa parcela de seus cidadãos a último plano simplesmente porque supostamente cumpriram seus papéis enquanto geradores de prole. É como se não pudessem mais viver apenas para si, mas teriam que ser apenas pais e mães até de filhos barbados e distantes. Mas sempre somente pais e mães. Depois que viramos avós, muitos tentam nos relegar a um desprezo absurdo, como se não fôssemos os mesmos, modificados pela maturidade.

Não me canso de atirar minhas pedras verbais no consumismo. É a valorização dos bens, do vil metal, da beleza midiática, artificiosa, fantasiosa e banal que impede uma boa parcela da nossa sociedade a conviver, aceitar e socializar com aqueles que não se enquadram no que supostamente seria a cereja do bolo social; á juventude ávida por consumo.

Giu Santos
Enviado por Giu Santos em 21/09/2011
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