Seja ateu, liberte-se...

Com este título: “Seja ateu, liberte-se” um indivíduo sóbrio vê com relativa antecipação o caminho que as religiões estão seguindo para o abismo das guerras e conflitos. O fanatismo é a alma das religiões e sua essência é o domínio. Declare-se ateu repleto de vida interior com criatividade e liberdade. Eduque sua alma e seus filhos levando-os ao reconhecimento das diferenças entre a ilusão e a realidade. Reconheça que você é impotente no que diz respeito ao controle das ilusões, que você precisa de quimeras para preenchimento do imenso espaço entre objetividade e carência afetiva. Somos todos carentes de poesia, de lirismo, mas não devemos nos deixar levar pela ampla gama de intolerância religiosa de todos os preceitos que riscam a história com sangue, tortura, barbárie impetrada ao mundo com o singelo nome de religião.

Seja ateu com discrição e educação. Sejamos ateus praticantes estudando “história geral” para compreender a humanidade, o desenvolvimento da humanidade, as transmigrações das crenças, além dos diversos temas místicos da geografia humana.

Conforte-se com a beleza humilde que é viver sem Deus (ou Deuses) verificando sem adulação narcisista a imensa arrogância que é possuir um Deus. Ser ateu não é doença nem desvio de caráter. Liberte-se da magia dos milagres, muita gente morre por abandono de medicação, acreditando na cura pelo culto religioso. Livre-se dos dogmas que são motivo de massacres entre diferentes etnias. Livre-se dos charlatães de feira. Dos que precisam vestir-se de modo diferenciado para manipular opiniões. Livre-se do medo de viver subjugado as incertezas da vida. Da horrível condição de castidade, além de outras anomalias no que diz respeito ao ato natural da vida, imposta como verdade inquestionável, mas que tem o ferro da tirania. Livre-se das verdades inquestionáveis sobre o desconhecido. Aceite com humildade o mistério e que é a face o inominável do mundo em que vivemos.

Ser ateu é ser um homem de bem. Um ser disposto a corrigir sua existência sobre o percurso imaginário da tradição. Estude a ordem política das religiões. Examine a sociologia, a psicologia, a publicidade espiritual através dos tempos, a psiquiatria, a ciência até hoje oprimida pelos conceitos vazios. Quantas pessoas na África morrem até hoje de AIDS porque certo grupo religioso cismou em lhes garantir o inferno caso usassem preservativos... Ame a existência com o cuidado maior que só os ateus possuem sem o lucro de outra instância. Só o ateu tem o maravilhosa vida cuidada por ser ela única dentro da cápsula do tempo. Adore a poética inerente desse esforço para preencher o vazio infinito da condição humana. Seja ateu naturalmente, sem luta, sem receio de que isto é pecado ou que o seu caráter está desfigurado. Liberte-se do preconceito inoculado contra o realismo da concepção laica. Pratique o ateísmo livrando-se do mal das ilusões a que estão subjugados os povos entregues a incapacidade de reflexão filosófica. Lute contra a especulação espiritual. Tenha piedade dos que não doam sangue, dos que não podem cortar os cabelos, dos que não podem ir à festas e lugares com velas, e ainda assim, se riem daqueles que acreditam na ressurreição. Fantasias adoráveis para sobrepujar o medo. O ateu é aquele que se veste como um ser humano que desconhece o antes e o depois de todo o trajeto. Seja humilde, seja ateu. Seus filhos merecem um mundo melhor. Só há encantamento real no ateísmo. Um mundo refletido sem alucinações e mais encantamento. Só há encantamento real no ateísmo. Esta é a grande solidariedade dos ateus para com o mundo. Seja ateu sem medo.

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A opção religiosa não devia constar em nenhum currículo sério.

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 20/09/2011
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