" A CIUMENTA PATOLÓGICA "

A CIUMENTA PATOLÓGICA

Em 26 de abril de 2011

Ronaldo Trigueiros Lima

Eu compreendo que uma pessoa possa sentir ciúmes com certo grau de exagero. Eu até entendo que esses exageros possam se equilibrar em “fios de arame, ou fios de navalha.” Afinal, como dizem os psiquiatras, a forte tensão pelas quais pessoas são submetidas, alem do estress, podem levá-las momentaneamente a uma espécie de “apagão emocional”, cujas conseqüências beiram a loucura.

A idéia de se procurar “a faca” que perfurou a garganta da menina, fez-me pensar na frieza que aquela mulher de trinta anos, estava possuída no momento do crime. A carência, o rancor, o ódio, o egoísmo, torpedearam os limites de sua racionalidade já mesquinha a ponto de se vingar de uma menina de nove anos incompletos, inteiramente ingênua e inocente, pelo simples fato de ser ela a filha única do amante mal resolvido e acovardado.

Todavia quantas pessoas o leitor já ouvira comentando horrorizadas essa barbárie singular que torna a humanidade execravelmente desumana?

Mais uma vez tenho querido fazer indagações a mim mesmo, ou até aos especialistas, estudiosos das leis e dos costumes, “PHDs” das manipulações jurídicas diante de um crime hediondo premeditado, e inconcebível como esse! Como se portar diante desse descalabro sangrento, que mesmo indiretamente, nos enche de culpa e pavor? A idéia de se procurar atalhos que nos levasse a sensação de justiça, nos move, durante a “fervura” do crime a gritar por penas radicais e definitivas. Mas, passado o calor das notícias tudo parece esfriar, de tal modo e jeito, que concluímos que somos feitos da mesma alma podre e desumana que fez com que a ciumenta patológica satisfizesse pelo sangue derramado sua cruel vendeta.

Será que não é hora de separarmos o joio do trigo? Será que o tempo não se faz maduro, translúcido a ponto de poder desmascarar a falsa piedade extirpando-a em sua ignomia em louvor ao respeito mútuo?

Será suficientemente justo, deixar essa fêmea desgovernada se transformar em um processo com mais de mil páginas amorais, a centralizar curiosidades pelos corredores dos tribunais, fomentando dívidas públicas e engordando a mídia incansável e repetitiva de notícias novas, até esgotar a última gota das manchetes truculentas que se arrastam por dias, meses em prejuízo do erário público, já tão “surrupiado e lavado” a céu aberto descaradamente?

Por essa e por outras é que se faz necessário uma revolucionária reforma do Código penal, atualizando-o no tempo e no espaço condizente com a época em que vivemos, limpando-o do mofo que o veste, e o deforma com a hipocrisia de uma humanidade caolha, e obviamente injusta.

“Infelizmente tudo continua como d’antes no quartel de “Abrantes”.

RONALDO TRIGUEIROS LIMA
Enviado por RONALDO TRIGUEIROS LIMA em 20/09/2011
Reeditado em 10/01/2013
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