“OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO”
“Onde está o teu tesouro, lá também está teu coração”.(SERMÃO DA MONTANHA).
A melhoria da vida material, nem sempre é proporcional a evolução espiritual. Ao contrário, acaba trazendo mais desconfortos do que alegrias. As religiões, na sua maioria, defendem o desapego das coisas terrenas para se conseguir a plena felicidade.
Lembro-me anos atrás, quando não tinha carro próprio. No estádio municipal de minha cidade, o locutor de vez em quando, interrompia a programação para anunciar algum problema referente aos carros estacionados em volta do campo de futebol. Eu não prestava atenção, pois não possuía automóvel. Hoje ao contrário, passei a ficar atento a esses avisos. Afinal, agora tenho um veículo automotivo. A conclusão é simples: “para se ter medo de perder é necessário primeiramente ter”.
Conta a História, Que durante a época das cruzadas, a ordem presidida por Francisco de Assis foi agraciada com uma extensa propriedade rural, onde iria ser erguido o convento da irmandade. Contudo, ele mandou devolver o título de propriedade. Teria dito na ocasião, que os cuidados com a posse da terra acabariam por mudar a rotina pacífica da congregação: “teriam que construir cercas e comprar armas para defendê-la”.
Chico Xavier também não aceitou ficar com uma grande fazenda que lhe foi doada por um rico proprietário rural. Apesar do argumento de pessoas próximas a ele, que aquele bem seria um ótimo lugar para acolher os pobres. O médium foi taxativo: ”como tinha vindo do povo, ela deveria retornar imediatamente ao povo”. Mandou vender e distribuiu o dinheiro arrecadado aos mais necessitados.
Jesus Cristo, Buda, Francisco de Assis e o próprio Chico Xavier mostraram para todos, que o caminho da espiritualidade é menos dificultoso quando o transeunte o faz sem o fardo da riqueza. A concentração mental e a consequente iluminação são prejudicadas pela posse de bens terrenos, que certamente levariam as mais variadas tentações. “Não se pode servir a Deus e a Mamon.” A verdadeira essência da existência está nas coisas mais simples, como adverte o nosso mestre maior: “olhai os lírios do campo, não fiam e nem trabalham, mas nem Salomão em toda sua glória se vestiu com um deles.”
Precisamos de bem pouco para uma vida feliz e profícua. Isso não quer dizer que devemos nos descuidar de nossa labuta diária que provem as necessidades de nossa família. No entanto, a acumulação de bens acaba sendo prejudicial ao próximo e a nós mesmos.A satisfação dos sentidos impulsionada pelos caprichos do EGO é incapaz de responder os anseios do Espírito Humano e acaba levando o homem inexoravelmente para o abismo. assim,o desprendimento, pelo auxilio desinteressado do próximo constitui a melhor forma de encontrar a paz e a felicidade.