Vagou,

fugindo.

Passou por aquela viela no alto da madrugada, enquanto tragava pela terceira vez seu vício. Cigarros e um litro e meio de vodka vinham de forma balsâmica, pareciam agradáveis. Perdeu-se em seu declínio, caiu da ponte feita de madeira que já não conseguia sustentar. Escondeu-se do que a perseguia em meio à falta de algum poste de luz naquela viela, enquanto escorregava pela parede, chorando, apaixonada pela escuridão. Deu vontade de gritar e, por um breve instante atingiu alívio. Por outro, foi encontrada.

A depressão havia a alcançado novamente, aquela velha tristeza que não hesitava em fazê-la chorar. Aquela velha preguiça, que dessa vez não ia passar.

Aquela velha vontade de morte.

Fracasso resumido em um feixe de vida sem coragem, perdida por tanto amar. Dos seus medos, teve mais medo. De suas excelências, sempre duvidou e, com suas limitações, seguia abraçada. Seu manto de sonhos só serviu pra acalentá-la nas noites frias da rua, seu novo lar.

Vestida em branco,

desonrou-se,

sujou-se,

vendeu-se.

Depois, se pôs em frente a um caminhão carregado de desamor, em trânsito de horário de pico. Foi atropelada com suas loucuras e dependências em ápice dentro de sua cabeça.

Mais morta, mais decente. Talvez agora, só agora, terá a paz que tanto rezou pra alcançar.

Lucas Mezz
Enviado por Lucas Mezz em 19/09/2011
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