Os versos que te dou
Os versos que te dou
Recebi PPS –Power Point Slide Show – com essa poesia. Como fundo musical, Serenata de Schubert. Já me tinha esquecido totalmente dela. Mas a sua releitura trouxe-me diversas recordações. Você se lembra dela?
“Ouve estes versos que te dou/ eu os fiz hoje que sinto o coração contente/enquanto teu amor for meu somente/eu farei versos e serei feliz.”
Hoje, pode ser um tanto piegas. Mas lá pela década de sessenta, o autor J.G. de Araújo Jorge era o que mais vendia livros. O poema é do primeiro , “Meu Céu Interior”, de 1934, com dezenas de reedições. No total, escreveu 36. O último em 1986. Faleceu em 1987, aos 73 anos. Era difícil não encontrar alguma garota da minha geração que não tivesse os poemas dele copiados em seu caderno.
Em Promissão, havia só duas livrarias, assim mesmo de materiais escolares. Mas uma deles, a do Walter Pereira Ramos, possuía todos os volumes do poeta. Eram livros mal confeccionados, horríveis. As folhas vinham unidas, era preciso cortá-las com a espátula. Mas ficavam com aparas. Então as levava à tipografia para dar um acabamento mais caprichado com a guilhotina. Por falar em espátula, ganhei duas naquela época. Uma, de osso de tartaruga. Essa perdi. Outra, de prata. Só a uso eventualmente para abrir envelopes.
O autor ainda possui muitos admiradores. É só acessar Youtube, Google ou o site www.jgaraujo.com.br. A poesia dele, no entender dos mestres da teoria da literatura, é um lixo. Mas impressiona os que a admiram. Principalmente, os da minha geração.