O Tempo Passa
Quando garoto, em 1941, morávamos na casa 327 da Rua Carlos de Campos, em Campinas. Era um verdadeiro paraíso para um menino de 7 anos. Tínhamos no quintal muitas árvores frutíferas e muito espaço. Eu estava no 1º ano do 5º Grupo Escolar da Rua 24 de maio.
Mas minha lembrança é de coisas que tínhamos naquele tempo e que hoje desapareceram.
Assistindo ao filme “O Garoto”, com Charles Chaplin, me lembrei do homem que consertava vidraças, muito comum naquele tempo, pois as casas tinham grandes janelas, quase todas davam para as ruas, alvos convidativos para as bolas de meia e estilingues. E o homem do vidro, apenas apregoava o seu serviço assim: “Olha o vidraceiro”. E tinha muitos fregueses. Ele andava pelas ruas com a caixa às costas que continha vidro, massa e o diamante para o corte dos vidros nos diversos tamanhos.
Outra figura que me ficou na lembrança foi a do folheiro, que não apregoava os seus serviços, pois todos conheciam o ruído de ferrinho batendo no fundo de uma frigideira. Na mão direita ele trazia os apetrechos de solda com o fogareiro, na esquerda o ferrinho, a frigideira e nas costas pedaços de latas de óleo “Sol Levante”, ou óleo “A Patroa”. Fazia panelas, bacias, canecões. Bastava guardar essas latas vazias em casa que ele fazia vários utensílios de cozinha, bem feitinhos, não cortavam as mãos na hora de lavar, por que ele virava as beiradas das latas e soldava-as, para que durassem muito tempo. E tudo muito barato.
Hoje nos lembramos com saudades do vidraceiro e do folheiro.