Silêncio
Sutileza. Leveza. Destruição. O silêncio é algo controverso, apaziguador algumas vezes e terrorista outras. Ele me faz doer. Ele me faz sorrir. A ocasião não importa, nem a saudade que às vezes bate a minha porta, o silêncio sempre está presente em mim, seja na calçada ou no meu quarto, no coração completo ou no vazio. Sempre comigo. Observa, analisa, conclui. A maior arma do ser humano. Machuca, estralhaça, mata.
O silêncio é a melodia dos sábios, interpretações subentendidas pelos poetas, segredos de um coração em pedaços. É um alimento amargo e doce. As palavras são ausentadas, ao mesmo tempo deixam o gosto de sua presença voando e atormentando a mente dos seres que se atrevem a pensar - se atrever é desnecessário, não há como fugir desse fato.
Um vazio que transborda, lágrimas que secam, sol que chove. Numa esquina qualquer a buzina se cala, só para ver a moça bonita passar. O sorriso escondido, o suspiro apaixonado secreto, a declaração nunca feita. Amor descontrolado, calado, assassino. Dor. Silêncio.
O bombear do coração, o olhar dissimulado e profundo, a postura galanteadora. Sem uso de qualquer palavra, uma conquista somente pelos gestos. A facilidade e a dificuldade juntas em uma só definição. O grito abafado, o adeus camuflado, as lembranças do ausente. Boca quieta.
Me encontro, te perco. Me perco, te encontro. Um desejo calado, um sentimento escondido, um discurso guardado. Desapareço e ressurjo. Sorrio e choro. Sou uma explosão de sentimentos, grito pra dentro, derramo lágrimas de cimento. Vivo de silêncio.