VOANDO

VOANDO (I)

Há muito que eu não sabia dela, a Noiva do Drácula. Pensei até que finalmente ela havia se casado com ele e ido viver na eternidade em delírios noturnos. Até que de repente ela me surgiu de novo, num vôo noturno Miami-Rio, vestida de aeromoça. Tocava Samba de Verão “hoje sim diz que sim, nunca vi coisa assim”. Luzes apagadas. Ela loura, linda, parecendo flutuar, passou por mim dando um meigo sorriso e com um aceno de mão se perdeu por entre as cortinas; se dissolveu é o termo mais apropriado. Sumiu. No início quando a avistei eu ainda estava meio que dormindo, é verdade. Mas no final da cena, tenho certeza que me encontrava bem acordado. O fato é que nenhuma das aeromoças da tripulação era ela... Sem dúvida, esta foi outra aparição dela - a Noiva do Drácula - e pelo jeito, ainda não vai ser a última.

VOANDO (II)

No sono te conheço mais

Por que, no sono, sempre você?

Num beijo

A pergunta cai

Sem razão te querer?

Existe razão pra querer?

No azul ...

O avião se vai

PARA A AEROMOÇA KÁTIA

Se o uso dos cabelos presos, nesse penteado com um laço branco ridículo, embelezasse as mulheres realmente bonitas como você, a Fara Fawcet já teria sido fotografada assim há muito tempo. Não creio que esta seja uma exigência da Varig para as suas aeromoças. Após lhe entregar este bilhete, vou reclinar a poltrona e dormir imaginando como serão eles soltos, emoldurando o seu sorriso.

(1989)

Karpot
Enviado por Karpot em 16/09/2011
Código do texto: T3223239
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