Pela janela da varanda invade a casa o perfume doce e macio da laranjeira. Não preciso ligá-la à tomada ou carregar sua bateria como a esse computador em que trabalho. A laranjeira faz tudo sozinha e providencia para que tenhamos as laranjas no tempo oportuno. Assim é com o limoeiro, a parreira com seus cachos de uvas, com a tangerina, com as orquídeas e as outras flores do meu jardim.
A Natureza! É um imenso jardim vivo e cheio de beleza. Em atividade eficiente e silenciosa, é capaz de prover todas as mesas. E quando isso não acontece a responsabilidade não é dela. É culpa da interferência humana.
Rubem Alves no livro “Variações sobre o prazer” escreve com seu estilo encantado sobre o Jardim do Éden, no qual o Criador alojou sua obra predileta e de soberba beleza.
Na ordem da natureza, o homem é a grande incógnita. Do uso passou ao abuso e, mais recentemente, do abuso passou à agressão. Desfigurando aquela que sempre o favoreceu com tanto amor.
Apesar de todas as feridas a Natureza ainda é generosa. A laranjeira do meu quintal não me nega o perfume delicado da sua flor, que me chega ao escritório pela janela da varanda, que me permite extasiar como quando me perco entre os cabelos e os seios perfumados de minha amada. Dádiva gratuita onde planto minha semente e ela responde esplendorosa, correspondendo com contentamento.
A Natureza, a mulher diligente que não para e não tem férias...
Pela janela da varanda, nas asas do perfume doce e casto das flores de laranjeira, beijo terno nunca desfeito, mundo infinito dos perfumes da obra prima da criação, expressão poética da mulher!