As Jóias Perdidas do Itaú
 
 
            De pérolas na política o Brasil anda tão cheio que o peso da Terra quase não mais o suporta. Quase tão cheio, e talvez até mais cheio, andavam os cofres do Itaú. Vencendo de modo inteligente o sofisticado sistema de segurança, principalmente usando de ardis e disfarces de operários de reforma, os meliantes invadiram, arrombaram e tiveram várias horas para esvaziar cerca de 170 cofres dos mais de 2500 de um dos símbolos da segurança nacional.
Os articuladores do crime passaram, disfarçados em trabalhadores de uma obra no banco, pelo primeiro segurança, renderam o segundo e, tendo conhecimento dos sistemas do banco (obviamente tem dedo de funcionário na história), desativaram os sistemas de segurança. Abriram as portas da rua para o resto da gangue. A turba veio em grande estilo. Encheram caixas e mais caixas de ouro, dólares e o que mais a imaginação nos deixar entrever. O sistema de vigilância mostrou uma fragilidade ímpar. As investigações já devem estar tomando vulto, mas a polícia se queixou da demora do banco em efetuar a comunicação – pistas preciosas podem ter sido perdidas.
            Foi um ato cinematográfico que em breve poderá ser exibido nas telas de todo o país.
            Roubaram os cofres das masmorras sagradas do Itaú. A notícia é de tal impacto na imagem do banco, que equivale ao MacDonald´s ser pego vendendo carne comprada em açougue de terceira ou à queda de um avião de uma Companhia Aérea.
            O Banco foi ao solo da desconfiança. Um exército de 40 gerentes foi convocado com urgência para dar a má notícia às vítimas:
            - Minha Senhora, nosso banco lamenta muito em comunicar que as jóias da vovó foram roubadas!
            A vítima, muito bem postada do alto do salto, desfalece no camafeu suntuoso da Mansão nos Jardins avisando ao mordomo:
            - Jales, traga-me os sais!
            O Itaú demorou a avisar à polícia e a notícia, em consequência, demorou a vazar. O medo da repercussão na credibilidade da instituição não pode ser calculado de pronto. Somente o tempo dirá a extensão do dano real. E qual seria esse?
            As vítimas, e não são pessoas de um Naipe qualquer, possuem motivos justos e ignorados para manter a sete cadeados um segredo tão bem guardado. Dificilmente o valor será corretamente apurado. Alguns daqueles pertences continuarão a ser um mistério, como misteriosa poderia ter sido a fonte da aquisição, pelo menos, de uma boa parte. Ninguém chorará pelos ricos, a não ser o Banco que deverá perder alguns clientes de alta envergadura. O capital, quem diria, também sofre.