BOLICHO DE CAMPANHA

O gauchão entra num boteco e vê anunciado acima do balcão:

Canha__________________ R$ 1,00

Cerveja_________________ R$ 2,50

Pastel__________________ R$ 2,00

Sanduíche de galinha____ R$ 3,00

Acariciar órgão sexual ___ R$ 5,00

Checando na carteira para não passar vergonha, ele vai até o balcão e chama uma das três gurias que ali estão servindo:

- Ô guria, com licença....

- Sim? - responde ela com um sorriso lindo - Em que posso ajudar?

- É tu que acaricia os órgão sexual dos freguês?

- Sou eu mesma... - responde ela, com voz caliente e um olhar bem sensual.

- Então, tu lava bem as mão, e me serve um pastel!!!

Nóis semo grosso mas temo higiene!!!!

Para quem não é do Sul, talvez a palavra "bolicho" tenha outro significado. No Rio Grande é o mesmo que boteco, armazém, venda. Ali tem de tudo. Rapadura, bolacha, fumo, cachaça, tecidos e até remédios. Situado à beira das estradas, o bolicho é uma espécie de mini mercado da campanha gaúcha. Alguns chegam a ser um verdadeiro "clube social" masculino. Tem canchas de bocha e de carreira e um balcão, onde o gaudério pode apreciar uma partida de truco tomando um gole de cachaça ou um chimarrão. Dinheiro que é bom nunca aparece, pois as compras são debitadas nas famosas

"cadernetas" e pagas, normalmente, no final da colheita. O bolicho fervilha nos fins de semana, quando a peonada está de folga das lides da estância.

Os bolichos de campanha surgiram da necessidade de adquirir produtos que não eram produzidos nas colônias e vinham dos centros urbanos. O comerciante ou “bolicheiro” passou a ser o intermediário que vendia esses produtos aos colonos e adquira deles os produtos da lavoura, revendendo-os aos centros urbanos. Consequentemente assumiram o papel de emprestadores de dinheiro, numa época em que o colono ainda não recorria ao crédito bancário.

Ainda hoje, nas zonas mais longínquas dos centros urbanos, em pequenos povoados do Rio Grande do Sul, se encontram esses bolichos que, apesar do progresso, cultivam o hábito do crédito em caderneta. E, muitos deles, continuam sendo a única forma de lazer do homem do campo, com suas canchas de bocha, jogos de cartas e um bom trago para aliviar o cansaço do trabalho da semana.