UMA ANDORINHA SÓ NÃO FAZ VERÃO

Reza o dito popular que “uma andorinha só não faz verão”. Necessário que elas venham aos bandos em grande algazarra, para anunciar a chegada dessa gostosa estação climática do ano, abrindo portas e janelas para que o sol entre e ilumine as nossas vidas, aquecendo nossos corações e deixando um sorriso estampado em nossas bocas.

Mas, “há controvérsias”, como dizia um grande humorista da “TV Globo”, Francisco Milani (ator, dublador e diretor), o “Seu” Saraiva (“Pergunta idiota, tolerância zero”), morto há alguns anos atrás (agosto de 2005), o “Pecebão”, o qual interpretava aquele personagem turrão.

Digo isso porque tenho uma irmã, a Maria Inez Andrade, casada, mãe de um casal de filhos, o Vinicius e a Virgínia, avó de alguns netos, que sempre foi uma criatura muito inteligente, espirituosa, cabeça feita e centrada. Desde garotinha, a “Maneza” gostava de cantar, de dançar, de recitar poesias, chamando a atenção das visitas e dando o ar da sua graça.

Nas famosas “Barraquinhas da Renascença”, aqui em Belô, nos anos cinqüenta, tocávamos no tablado das “Bahianas” em companhia do nosso pai, Constantino Rêgo ao saxofone e seus músicos, Antonio Feio (bateria), manos Aécio Flávio (acordeom), Rubinho (violão), Zé Afonso (cavaquinho), do Jair Pinguço (violão de sete cordas) e eu, Betinho, no pandeiro e como vocalista, cantando meus boleros.

O meu pai, certa noite de sábado, levou a “Maneza” para se apresentar e ela, com apenas sete anos, não se fez de rogada, subiu ao palco, abriu os braçinhos saudando a platéia, cantou uma música com perfeição, sempre muito afinada, foi delirantemente aplaudida e fechou sua performance declamando uma poesia infantil. Tudo isso com a maior naturalidade, como se fosse veterana naquele “metier”.

Pois bem, agora, passados mais de cinquenta anos, a “Maneza” foi instada a vir para o “Recanto das Letras”, onde publicou aos 21/02/2010 uma crônica intitulada “NUM PISCAR DE OLHOS, FOI-SE A DISTÂNCIA”, falando da sua experiência como professora, mãe e avó dedicadas. Um texto belíssimo, que provocou uma enxurrada de leituras e comentários os mais elogiosos ... mas ficou nisso! Ela, não se sabe exatamente o porquê, não publicou mais nada até o momento. Ficou só naquela “andorinha” que fez uma revoada solitária, agitando o espaço e fazendo graciosos arabescos no ar prenunciando o verão.

E é justamente aqui que eu peço licença ao “Pecebão” para usar o seu famoso bordão quando, naquele humorístico da “TV”, arregalava os olhos, ele franzia a testa e soltava sua fala:-

“- Há controvérsias! ...”

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 13/09/11

Dedico esta crônica à minha irmã "Maneza", uma andorinha que é capaz de fazer um verão sòzinha! ...

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 13/09/2011
Reeditado em 02/02/2013
Código do texto: T3218236
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.