Strange Days
Pediu as contas. O último olhar foi pra cama que guardou tantas histórias, tanta paixão. E para os olhos de sua esposa, fechados pelo sono, não teve o que dizer.
Se viu no espelho, acendeu o último cigarro, e tirou o chapéu pra adornar como lembrança, o jogou pela cama.
Disse que foi embora.
Levou toda aquela confusão mental pra fora de casa. Sem roupa social, enfrentou a rua.
Não queria ouvir o julgar da sociedade, mas a vergonha o mantinha fora de casa.
Deu três passos na calçada de casa, e pensou se valeria a pena. Intrigado pelo tesão de liberdade, decidiu continuar. Atravessou a rua no sinal vermelho.
E arriscar, era tudo o que queria.
Sinalizou para um táxi e aqueles minutos olhando o mundo pela janela do banco de trás, serviu pra decisão.
Entrou no hotel, chamou o elevador e voou até o décimo primeiro andar.
Bateu a porta da dona das paixões, da libido em carne. Sua rainha do desejo.
Fez amor a manhã, a tarde inteira.
E passou assim sua vida, abandonada sua família. Satisfeito como um adolescente.