OS VENTOS DA MINHA TERRA
Meu Rio Grande sempre foi palco de ventos. Vento frio, vento forte, vente quente, vento brando. As quatro estações bem definidas sempre tiveram seus ventos característicos. Pois é, tiveram! Não tem mais! Hoje dizemos por aqui que, em apenas um dia, passamos pelas quatro estações. Temperaturas que oscilam, no inverno, de 0ºC a 22ºC num mesmo dia! Ventos frios, de repente, mudam de direção e aquecem.
Eu sou fã do verão e, portanto, apaixonada pelo vento norte (que na verdade é nordeste). Enquanto alguns dizem ficar agitados, irritados, mal humorados, eu fico feliz empurrada por aquele calor gostoso sobre a pele, que faz voar os cabelos e parece aquecer a alma. Tem até uma música regionalista que diz: "Sopra forte, vento norte/ Antes que esta chuva caia/ Quero ver a chinoquinha/ Segurar a sua saia". E vem aquele belo conflito: seguro a saia ou os cabelos?
Em contrapartida, no inverno lá vem ele... Um vento frio, zumbindo nos ouvidos, trincando a pele, gelando o nariz, o pescoço, as mãos. Camiseta, básicas, blusinhas, blusões, cuecões, meias, luvas, casacos, mantas. Cadê o sol? As nuvens cinza se acumulam sobre nossa cabeça... De repente uma garoa fina acompanha aquelas rajadas de vento, rebentando e carregando guarda-chuvas. Haja coragem para sair à rua!
Mas sulista é casca grossa. Valente, enfrenta as mudanças climáticas e, quando muito, pega uma gripe. Afinal, o que é um vento sazonal comparado aos ventos da corrupção e as nuvens plúmbeas do cenário político nacional?