NÃO ME CHAMEM DE BETE !

Mamãe contava que meu irmãozinho mais velho começou a me chamar de Beti (com tônica no i) porque não conseguia dizer Beatriz. Decerto falava Betís, mas o ésse foi cortado e assim nasceu meu apelido oficial. Que gera algum problema, pois a maioria das pessoas o confunde com Bete.

Tem gente que nem imagina meu nome verdadeiro, muitos pensam que é Elizabeth. Um dia, ainda criança, descobri que toda Beatriz é chamada de Bia. Achei bonitinho e ingenuamente pensei até em mudar, como se a gente pudesse governar essas coisas. Nomes e apelidos são os outros que nos dão, gostemos ou não. Sorte que sempre gostei tanto de Beatriz como de Beti.

Meu padrinho, diferente dos outros, me apelidou de Bituca, que às vezes virava Bitureira ou Bitóca, nariz de pipoca. Uma das amigas de infância me chama até hoje de Tuca. Não sei por que, nem ela sabe... Alguns amigos, por brincadeira, me chamam solenemente de Maria Beatriz, embora eu seja só Beatriz.

Bem mais tarde, no colégio onde eu trabalhava, colegas, alunos, pais de alunos, todo mundo começou a me chamar de Bia e como ali eu não era Beti, este passou a ser o meu segundo apelido oficial, finalmente implantado por vontade alheia. Só uma professora minha conhecida de longa data dizia Beti e quando o fazia, armava-se uma grande confusão. Ninguém sabia de quem se tratava, ou quem ela procurava.

Ultimamente, depois que voltei a viver aqui na minha terra, ficou assim: em Taubaté sou conhecida como Beti. Em São Paulo, sou Bia.

O mais interessante, um mistério nunca desvendado, é que Papai sempre me chamou de Beti, mas ao se referir a mim a terceiros, mesmo que fosse Mamãe, dizia Beatriz!

Parece brincadeira, mas hoje mesmo, quando estive com um grupo de senhoras alguém me chamou de Beatriz e uma delas ficou espantada. Ué, você tem o mesmo nome da minha filha. Eu pensava que fosse Elizabeth...