ROBERTO CARLOS EM JERUSALÉM – um FUXICO literário.
Por Carlos Sena.
Por Carlos Sena.
Fim de sábado, encontro-me tecendo letras como quem costura uma colcha de retalhos; igualzinho às mulheres que tecem seus “fuxicos” na composição de lindas colchas, tento alinhavar letras na composição de algum “fuxico” literário que normalmente me alimenta a alma nem sempre liberta do sol e da sol-idão. Fico pensando neste tear, sobre a relação do mundo com as pessoas; das pessoas com a ilusão e desta com o fim que a existência nos sentencia embora não defina data e hora e local.
Na construção dos meus pensares, algo tem que estar em minha companhia fazendo o contracanto dessa música estética, nem sempre estática que as palavras me capacitam, embora nem sempre me premiem com um bom texto, uma boa poesia. Ora a TV faz este papel, ora um som incidental tipo piano, violino. Hoje, neste romper de sábado pra domingo deste setembro sem flores no meu Recife, eis que Roberto Carlos me chama atenção em seu show produzido em JERUSALÉM. Paro o que escrevo e mudo o rumo desta prosa diante do que fui envolvido: cenário ultra-belo, arranjos maravilhosos, produção impecável e ele, o nosso REI – de branco, impecavelmente postado para o mundo em nome do amor. Parei tudo e fiquei vendo e ouvindo a reclamação do papel e do computador como que a me dizer “volte, não vê que estou lhe esperando?”. Mas eu só voltei agora depois que o programa encerrou. Bonito pra vocês, retruquei às palavras ciumentas. Será que vocês não percebem que parar pra ver Roberto Carlos cantar direto (embora tape) em Jerusalém representa uma esperança para o mundo? Exagero? Por quê? Porque ele fala de amor? Porque ele consegue, embora timidamente, sufocar as redes de TV interessadas mais em mostrar mulheres frutas, em mostrar bandas tipo “garota safada, calcinha preta, haps de quinta categoria, Calypsos da vida” e outras baboseiras? Calem suas bocas senhoras letras! Recolham-se às suas insignificâncias, senhoras telas brancas deste computador que, embora tanto tempo comigo não compreendem que o mundo precisa mais do Roberto do que EMICIS e alhures... Certos Rocks e alhures, certos jabás musicais e alhures...
Roberto se deu ao luxo de cantar em mais de um idioma. O amor é assim. Todas as línguas estão sentindo sua falta. Não se sente falta de amor piegas e tão somente entre homem e mulher. Roberto canta o amor TUDO, como o mundo precisa, inclusive o amor do homem com a mulher à moda antiga. O programa terminou e eu fiquei discutindo com vocês, senhoras letras. O meu “fuxico” literário deu nisto, mas eu insisto: adoro vocês, pois apesar de tudo, não me deixaram de calças curtas vendo o Rei. Estou de calças compridas, mas nu da cintura pra cima. Amanhã, certamente, vocês me ajudarão tecer o fuxico da minha camisa para este domingo de primavera sem flores e com muita chuva, vento frio e muita esperança no amor...
Em tempo:
não custa nada sonhar: um belo dia, quem sabe, o Rei e outros não farão um show em Nova Jerusalém, Pernambuco? Não é bairrismo, mas é porque é um local lindo, inclusive já foi palco de um festival de verão com Chico, Caetano, etc., proibido pelos milicos da chamada Revolução de Março de 1964.