RIO QUE CHORA
Quando vemos um filme estrangeiro retratando o Rio, temos sempre o carnaval e uma alegria quase boba dos cariocas.
Hoje andando em uma rua em Ipanema pude ver o contraste social gritando em meus olhos e no meu nariz. Já explico: Ao mesmo tempo que vemos lindos prédios com árvores infestadas de orquídeas florindo, já não pisamos mais em bosta de cachorro, GRAÇAS A DEUS!!!, mas o cheiro de miséria das ruas, entra em pelo nariz, para lembras as desigualdades gritantes em que vivemos.
Vamos agora relembrar alguns fatos que mostram uma outra face dessa cidade maravilhosa e desigual.
Podemos começar com a dor dos índios que aqui viviam e foram expulsos para dar lugar aos CARIOCAS ricos na beira do mar. Primeiro eles usaram os negros, podemos ainda ver as lágrimas da mãe negra que se via obrigada a se separar do seus filhos, vendidos para longe, e passava a alimentar o filho do branco, e as vezes ao pai também, e ainda sofria com o ciúme insano da sinhá.
Somos herdeiros dessa dor. Somos alegres mas com uma ferida aberta,
que se mostra nos dias de céu cinzento de chuva. A dor mostra sua cara a beira mar, a orla fica deserta, as ondas invadem as ruas, o mar perde o lindo azul e tudo é lágrima.
Vemos corpos perdidos no mar, de pescadores que se atreveram enfrentar a tempestade.
Em uma cadeira de bar, um coração chora ao ver seu apartamento queimando inteiro. Um teatro se transformar em cinzas...
Uma ex-vedete é atropelada. Um pivete a correr com a carteira do gringo. Vinicius já não mora mais alí, virou apenas nome de rua.
Mas se você me perguntar qual é o melhor lugar do mundo? Vou te dizer RIO DE JANEIRO.
Porque a chuva passa e o sol sempre nasce lindo! A dor é amenizada, o carnaval chega, e o povo fica mais feliz, num faz de contas, que por mais eu que não curta, devo admitir que esse teatro coletivo só acontece aqui, e no final tudo se acerta e o show acontece ao som frenético da percussão, regado de cerveja, suor e beijos.
Ser carioca é um estado de espírito, na verdade somos todos estrangeiros invasores, mas pelo tempo em que tomamos posse, também somos parte desse Rio triste e lindo ao mesmo tempo, isso é algo divino e maravilhoso.
Viva o Rio de Janeiro! Isso aqui é uma obra de arte de Deus, um quadro vivo onde tudo é beleza. Acho que por isso que por mais que tenha dor por aqui, sempre a alegria vence e acaba com um churrasco ao som de um bom pagode.