Papo de Bar
 
- Dizem que uma pessoa elegante é uma pessoa  chique, requintada, de boas maneiras.
A palavra elegância em si tem um certo charme. Para mim é uma palavra bonita.
Assim como estilo, parece-me que são palavras afins, possuem afinidades.
Estou rodeando a palavra, mas com outras intenções. Não quero saber de boas maneiras, apenas, de meras  etiquetas. Elegância é tão elegante que precisamos dar exemplos concretos do que eu apreciaria numa mulher elegante ou num homem elegante.
-  Interessante, amiga, estou gostando desse seu palavreado. Vamos ver onde chegamos?
-  Vamos ver. Mas antes,  pede mais dois chopes, ao garçom.
- Garçom, meu amigo, dá pra trazer dois chopes para nós?
-  Gostei,  Guilherme,  a maneira como você pediu o chope. Foi muito elegante.
- Então, Gina, a gentileza, o tratar bem uma pessoa é uma elegância?
- Claro que é. Às vezes, a chave para um bom aprendizado é encontrar a palavra certa, a palavra elegante. É      preciso achar o estímulo certo. Eu nunca daria uma aula de boas maneiras, mas sim  uma aula de elegância, sem dúvida nenhuma. Veja bem: a turma costuma dizer que somos mordidos pelo bichinho do amor e ficamos apaixonados. Não percebem que esse bichinho é a elegância. Guilherme, você não sabe  o motivo de eu estar com você. Mas eu sei.
- agora fiquei surpreso, Gina! Não foi o bichinho que nos mordeu?  Espera aí, vou pedir mais dois chopes. Garçom, por favor, é possível trazer mais chope?
- Bravos, Guilherme! Viu só o seu charme ao pedir os chopes? Fez o pedido com um belo sorriso.
-  Acho que você está brincando comigo. Como você está gostando de mim, tudo que eu faço é maravilhoso.
-    Hã,hã. Nada disso. Vou logo dizer o que é elegância. Aliás, não sei se você sabia:  as teorias científicas que realmente valem são todas elas elegantes. Se não for elegante, a teoria é logo ultrapassada.  A famosa teoria da relatividade de Einstein  só foi comprovada, depois que ela se tornou elegante,    isto é, não há palavra a mais ou a menos, ela é sintética, enxuta e atinge o alvo, é certeira. Assim como você, Guilherme, que é quase um elegante.
-  Acho que quem está esbanjando elegância é você, Gina. Estou curioso, dê exemplos de homem elegante.
-  vou dizer como ele age, tá bom?  Umas três ou quatro características que o tornam  diferente. Primeiro, ele jamais sufoca com sua presença quem quer que seja, sabe ficar ausente, sabe esperar. Veja que esta característica não tem nada a ver com a bobagem de dizer: seja educado, não incomode os outros. Segundo, não critica ninguém, ele aprendeu que não adianta absolutamente nada fazer sermão ou dar conselhos. Terceiro, ele aprendeu definitivamente que a vida é neutra, por isso não perde tempo em se queixar. Com ele não tem essa de gritar: “Meu Deus, isso não é justo comigo”. Quarto, tem certeza da imensa fragilidade do ser humano, por isso sabe perdoar. E é por isso que ele é educado, numa palavra, elegante. Quinto, ele se mantém elegante quando está sozinho, continua com aquele charme, com aquele “aplomb”, com aquele “sex-appeal”.
-  Gina, você já está no décimo chope e eu também. Você está bêbada ou apaixonada?
-  Não estou bêbada, estou apaixonada e sei o que é ser um homem elegante.
- E onde você aprendeu sobre  elegância?
- Com a vida, observando-a!  Até agora falei sinceramente das minhas observações, mas posso passar para você, para terminar nossa conversa, o que li outro dia de um certo Toulouse Lautrec, não sei se é o pintor. Veja que gracinha. Diz ele: “ é elegante retribuir carinho e solidariedade”.     “Sorrir é sempre muito elegante e faz um bem danado para a alma”.  “Oferecer ajuda, muito elegante”. “Olhar nos olhos ao conversar? Essencialmente elegante”.