Da Modernidade
Sempre fui meio fora do meu tempo.
Com saudades, gostos, vontades e música, ou melhor, principalmente música.
Em casa sempre ouvindo meus pais ouvirem MPB e músicas dos anos 60 70 e 80, me fez crescer e me apaixonar por algo que não fazia parte da minha geração, algo que ficou pra trás, e que eu, junto às rádios ou discos a fazia sobreviver dentro de mim. Muitas vezes não as entendia, mas a melodia me fazia viajar e de me sentir sempre bem.
Assim fui crescendo sonhando em ser atriz e amando música.
Tive walk man, disk man, mp3 e agora tenho mp4 e gostaria que parasse por ai.
Mesmo fazendo parte de um novo mundo, onde as coisas para se tornarem velhas, passado, é uma questão de meses, ainda prefiro o que passou. Acho que para ter sempre o gostinho da surpresa e de poder revivê-la de alguma forma. Era tão prazeroso pra mim ter as fitas, os CDS, das minhas bandas favoritas, de muitas vezes compra-los por amar ou se apaixonar por apenas 1 música ou só conhecer uma música, e ela está naquele CD com 12 faixas e que por sorte ou de tanto ouvir acabava gostando da maioria das musicas.
Aqui no rio, onde moro há três anos, e exatamente há três anos havia uma única loja de CD (há 3 anos muitas lojas de CD já haviam sido extintas) onde era a única e fiel cliente nos últimos anos.
Minha descoberta sobre que talvez eu tenha sido uma das únicas e poucas clientes ali, foi ano passado quando fui ao novo show de Ney Matogrosso onde ele lançava seu novo CD " Inclassificáveis". Fiquei simplesmente apaixonada e encantada por todas as musicas praticamente, o que me deixou muito inclinada, como de costume, comprar essa obra, diga-se de passagem, prima. Teria o CD em minhas mãos, com a capa, as letras, as fotos, e todas as informações que me muito interessam.
Extasiada, fui à lojinha que se encontrava no inicio da Visconde de Pirajá e ela não existia mais, tinha simplesmente virado uma loja de celular.
Um certo desespero me bateu, vi que era praticamente só e ainda resistente a idéia de comprar CD. Todos já tinham, talvez mesmo que sem vontade, se rendido aos downloads infinitos e sem graça.
A magia acabou nada é surpresa nada nos surpreende nada nos toca. Na distancia se fez mais perto e mais rápido e frio, e eu não tenho o controle, se não opto por seguir o fluxo acabo sendo levada pela correnteza.
Isso tudo me incomoda, quero ter os clássicos, os não clássicos e os que eu amo para que eu possa folhear depois.
Rio de Janeiro, 14 de setembro de '09