O Fantasma da Ostra

Na internet, o mundo virtual, o mundo etéreo, vagam solitários fantasmas que buscam amparo psíquico. Há muitos deles. Seriam legiões pela quantidade, mas seu egoísmo e auto-piedade os impede de formarem uma unidade, um grupo. Unidos pelo ideal e separados pelo egoísmo, um burlesco paradoxo. Este universo paralelo fantasmagórico é loteado por páginas pessoais e a quase totalidade de blog's inúteis que hospedam estes seres transparentes que clamam atenção.

Estamos desfrutando de uma nova maneira, ainda recém nascida, de comunicação e ela está sendo muito subestimada. Todos podem, com pouco conhecimento da língua escrita, opinar ou se manifestar sem censuras. Qualquer um torna-se poeta, crítico de arte e - a máxima do desrespeito - jornalista. A quantidade de dados mentirosos, não fundamentados, nocivos e sem propósito é incalculável. Há também aqueles que se apropriam de informações as divulgam aguardando mérito. Não se pode criar ordem e nem deve, pois não é o propósito da internet, ela é livre, porém, o besteirol impera. O grande pesar é o seu mal uso, ou melhor, mau propósito.

Quem diria que depois da carta, do telefone, do rádio, da televisão; seria possível inventar um novo veículo de comunicação? A internet é incrível, dinâmica e útil; mas trilhar seu caminho sinuoso é tarefa para um bom guia, a não ser que ele não se importe em refazer o percurso desviando dos falsos caminhos que o levam a aborrecedoras armadilhas. Encontramos diários disfarçados de blog's que muitas vezes usam títulos atrativos e enganadores, guiando o internauta sedento de informação à ciladas de informações pessoais desinteressantes e opiniões genéricas; encontramos também páginas pessoais abarrotadas de descrições egomaníacas onde há uma disputa ferrenha de quem possui mais virtudes. Todos almejam o estrelato, querem ser ídolos, querem ser ímpares, são tão interessantes que, numa visão geral, seus brilhos acabam por ofuscar um ao outro.

É um céu crivado de estrelas que se torna impossível olhar pra ele. Não percebem que o exercício resume-se a divulgar a maior quantidade possível de qualidades e aguardar as reações de seus idólatras, porém este exercício é repetido pelo todo, até pelos idólatras que todos querem que existam. Tornam-se fantasmas, esperando eternamente que alguém os encontre, vagando em círculos num fosso de trevas, onde qualquer um pode tapar a fenda com um pouco mais de lixo.

Petrico
Enviado por Petrico em 09/09/2011
Código do texto: T3208976
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