O pai -9
Podes me dar um segundo?
Estou aqui a te observar,jogado no chão a brincar com teu filho,
que grita feliz, pulando em volta de ti, achei muito bonito a ponto de
me contagiar.
Tu o beijas enquanto ele brinca, teus olhos brilham, e ele nem percebeu, é pequeno, e com um brinquedo está distraído, mas logo depois se atira em teu colo, e rolam juntos no chão a se divertir.
Que bom que ages assim com teu filho, não terás como eu o que lamentar, sei que para ti não fiz isto, sou de outro tempo, só dei a ti o que recebi de meu pai, roupa, estudo, alimentação e muito respeito, era
o que ele tinha para me dar. Não o culpo e por ele guardo muita admiração, pois só não viu como eu, que faltavam os beijos, os abraços,
e até rolar pelo chão.
Quero que hoje me entendas, sou de outra geração, mas vendo o pai
que és para teu filho, só posso te pedir perdão.
Não posso como gostaria, de com vocês no chão ir brincar, minhas costas não deixam, meu joelho não dobra, meu tempo passou, não vai
voltar.
Resta-me apenas fechar os olhos, e me imaginar, aí brincando, jogado no chão, rolando, e aos dois abraçar e acarinhar.
Não te amei menos tenha certeza, só não soube te demonstrar, sei
que perdi muito nesta vida, não tem como recuperar, mas meu filho eu
nem sabia, como era bom, ficar jogado no chão e contigo brincar, rolar,
beijar e muito te abraçar!