Esmola contra o Amor de Deus
“Uma esmola pelo amor de Deus”: palavras antigas que sempre comoveram sentimentos a doarem um pão, uma sopa, uma roupa, um cobertor ou alguma moeda, diante da situação miseranda do pedinte. Conforme as posses e a comiseração, formaram-se vários tipos de esmoler; conforme a pobreza, diferentes tipos de esmolador. Curiosamente alguns indivíduos nasceram para pedir, tudo pedem, ao verem alguém tomando um comprimido, não importa para qual dor, e lá vem um “me dê um”; iguais a alguns fumantes em extinção que nunca compraram cigarro de qualquer marca... Esses, na sociedade, deveriam ser encarregados de angariar ajuda às obras de caridade, de assistência social. Já testemunhei “fazendeiro” da Una esmolando na porta da Padaria de Tambaú.
As impressionantes características do esmolador são adequadas ao ato. Esmolambados em folgadas roupas, chapéus furados, descalços, despenteados, velhos sapatos, unhas sujas; às vezes, mesmo quando seminus, a sujeira se lhes espalha do corpo ao rasgado paletó que os protege do frio. Em inúmeras obras literárias, encontram-se esses trajes em nobres, dissimulando sua riqueza, confundindo os conhecidos para, parecendo ausentes, verem, escutarem e observarem tudo como se fossem um desconhecido esmolador, nômade de outras freguesias. Assim nos narra Homero, na Odisséia: Ulisses, regressando dos mares ao seu reino, na Ilha de Ítaca, mendigou às portas do seu Palácio para, como estrangeiro, surpreender os invasores da sua casa, pretendentes do seu reinado e da sua amada Penélope.
Menores simulações se encontram também, pelas nossas ruas, pessoas que arrastam uma perna, tendo as duas sadias; mulheres que “engravidam”, colocando um travesseiro no ventre ou rogam comida, carregando consigo uma prole de “famintos”. Porém, o que nos revolta é a vil ganância industrializar essa criativa teatralização do carente, disfarçando pessoas de posse e de poder aquisitivo em esmoladores. Circulam pela internet tristes imagens do comércio desses disfarces que fazem do trapaceiro bem vestido um maltrapilho. Ao lado de postiços, barbas, cabeleiras, roupas, receitas médicas, muletas e bengalas de pobre, criminosamente, a comercialização oferecia, como objetos de mercado, crianças que, segundo suas expressões de angústia e sofrimento, tinham seu preço de aluguel. Que esses fatos não nos sirvam para negarmos esmola, mas, para compreendermos como a ganância pelo lucro travestiu em esmolador o bem vestido proprietário de um belo carro, para, de cócoras na esquina, amealhar dinheiro. Ah! Meu Deus! Bela pátria, nosso país que se perde! A corrução suja não somente fichas de “homens públicos”, mas também, com fétidas manchas, as vestes da mendicância.
“Uma esmola pelo amor de Deus”: palavras antigas que sempre comoveram sentimentos a doarem um pão, uma sopa, uma roupa, um cobertor ou alguma moeda, diante da situação miseranda do pedinte. Conforme as posses e a comiseração, formaram-se vários tipos de esmoler; conforme a pobreza, diferentes tipos de esmolador. Curiosamente alguns indivíduos nasceram para pedir, tudo pedem, ao verem alguém tomando um comprimido, não importa para qual dor, e lá vem um “me dê um”; iguais a alguns fumantes em extinção que nunca compraram cigarro de qualquer marca... Esses, na sociedade, deveriam ser encarregados de angariar ajuda às obras de caridade, de assistência social. Já testemunhei “fazendeiro” da Una esmolando na porta da Padaria de Tambaú.
As impressionantes características do esmolador são adequadas ao ato. Esmolambados em folgadas roupas, chapéus furados, descalços, despenteados, velhos sapatos, unhas sujas; às vezes, mesmo quando seminus, a sujeira se lhes espalha do corpo ao rasgado paletó que os protege do frio. Em inúmeras obras literárias, encontram-se esses trajes em nobres, dissimulando sua riqueza, confundindo os conhecidos para, parecendo ausentes, verem, escutarem e observarem tudo como se fossem um desconhecido esmolador, nômade de outras freguesias. Assim nos narra Homero, na Odisséia: Ulisses, regressando dos mares ao seu reino, na Ilha de Ítaca, mendigou às portas do seu Palácio para, como estrangeiro, surpreender os invasores da sua casa, pretendentes do seu reinado e da sua amada Penélope.
Menores simulações se encontram também, pelas nossas ruas, pessoas que arrastam uma perna, tendo as duas sadias; mulheres que “engravidam”, colocando um travesseiro no ventre ou rogam comida, carregando consigo uma prole de “famintos”. Porém, o que nos revolta é a vil ganância industrializar essa criativa teatralização do carente, disfarçando pessoas de posse e de poder aquisitivo em esmoladores. Circulam pela internet tristes imagens do comércio desses disfarces que fazem do trapaceiro bem vestido um maltrapilho. Ao lado de postiços, barbas, cabeleiras, roupas, receitas médicas, muletas e bengalas de pobre, criminosamente, a comercialização oferecia, como objetos de mercado, crianças que, segundo suas expressões de angústia e sofrimento, tinham seu preço de aluguel. Que esses fatos não nos sirvam para negarmos esmola, mas, para compreendermos como a ganância pelo lucro travestiu em esmolador o bem vestido proprietário de um belo carro, para, de cócoras na esquina, amealhar dinheiro. Ah! Meu Deus! Bela pátria, nosso país que se perde! A corrução suja não somente fichas de “homens públicos”, mas também, com fétidas manchas, as vestes da mendicância.