Uma calma tarde de sete de setembro
A tarde está cheia de sons como se todos os bem-te-vis houvessem encontrado o caminho do cajueiro de minha casa. Quase fico parada, melhor, sentada na porta da cozinha sem coragem de fazer um café. Como sair de perto de tão belo concerto? E meus pés continuam sem se mexer...
É tarde de sete de setembro. E as árvores estão recebendo esta claridade do sol. As flores do cajueiro estão envelhecendo e caindo: surgem os cajus vermelhos e suculentos. Mas o vento passa morno por entre as folhas e sobe alto, alto como se quisesse brincar com os pássaros.
O capim crescido cochila ao sabor do dia que segue. Está florido e as pequeninas flores sorriem de dente de fora. Logo serão levadas pelo vento e germinarão outra vez. É o ciclo da vida. Os bem-te-vis também derrubam as castanhas do cajueiro para o mesmo fim. É a natureza independente da mão do homem. Calma, às margens plácidas da tarde.
Cada vez mais vida. Cheira a muitos outros dias de setembro que virão certamente: a meninos correndo com suas bicicletas, a pó das estradas quando os homens passam com as palhas das carnaúbas nos lombos dos jumentos, a café, a cajuína (com aquele sabor de coisa feita em casa)...
Então me levanto como nuvem de passagem... os bem-te-vis com seus sons ainda em êxtase imenso para me fazer sentir que vou seguindo, que vou seguindo... e os gorjeios insistem.