Eterno Déjà vu

Na vida tudo se repete. Felicidades se repetem, decepções se repetem, amarguras se repetem, roupas se repetem, mulheres se repetem. Dias se repetem, momentos se repetem, anos se repetem. Tudo se repete até que tudo chegue bruscamente ao fim.

Lembranças de bons momentos, lembranças de muito tempo atrás, lembranças...

Estava mamando em dois peitos grandes e de bicos rosados. Depois de beber algo, dei uma cagada e uma mijada. Finalmente limpo, e novamente vestido me pus dificultadamente de pé. Cambaleei alguns metros me escorando contra a parede do corredor escuro e longo. De repente um pé cruzou sobro o outro, caí de cara no chão, uma lágrima tentou escorrer, mas foi contida assim como o choro. Gatinhei o resto do percurso e já exausto alcancei a cama e deitei com a cabeça em um travesseiro macio e com um sorriso no rosto. Olhei para cima e tudo girava. A lua girava, algumas estrelas giravam. E tudo era tão colorido e brilhante, e tudo girava, e essa sensação era indiscritivelmente boa. Viro para o lado, último vômito do dia. Mais luzes, mais estrelas girando. Recebo carinhos finais, algumas palavras vindas da boca de uma boa mulher, uma ótima e calma música. Adormeço com a esperança de que o dia seguinte seja igual ao mesmo tempo em que quero que ele não o seja. E agora 19 anos depois tudo isso se repete. E tudo se repete.