INDEPENDÊNCIA?
 

   Reluto em aceitar essa tal Independência que hoje se comemora. afinal não me sinto independente. 
   Preciso me libertar da necessidade compulsiva de ler nos jornais ou ver na TV notícias sobre violência.
   Preciso me livrar da obsessão de ficar diariamente em frente a TV esperando os capítulos das novelas da Globo que apresentam temas diversificados mais no enredo sempre é embutido temas secundários como violência, aproveitamento indevido, relacionamentos gays (não que eu tenha nada contra, mais acho que evidenciar tanto o assunto desenvolve a homofobia, que também é outro tema apresentado nas novelas). São temas do cotidiano mais que deveriam ser levados a público nos tele-jornais e não em novelas, que deveriam ser mais ilustrativas e educadoras que apológicas.
   Preciso parar de pensar que em cada eleição aparecerão políticos bem intencionados que darão jeito no nosso querido País, pois a política é uma doença contagiosa e uma vez eleito, todos tendem a se contaminar. 
   Preciso me desvencilhar da compulsão de ficar preso em engarrafamentos por várias horas e achar que é normal, aceitando a inércia dos governantes que transitam em confortáveis helicópteros ou ficam em seus luxuosos gabinetes sem dar a mínima pelo caos do trânsito. 
   Preciso lutar contra meu egoísmo de virar o rosto para o lado quando ocupando assentos reservados para pessoas especiais, finjo não vê-los entrar no meio de transporte que estou usando, para não ceder o lugar. 
   Preciso esquecer que não sou único e que vivo em coletividade onde devo ser mais participativo e colaborador pelo bem comum, sem me importar com minha individualidade.
   Preciso sentir o frio de quem necessita de um cobertor sob uma marquise enquanto após um banho quente aconchego-me sob acolhedor edredom e me aqueço da frieza da noite.
   Preciso repartir meu alimento com quem vive nas ruas a catar restos em latas de lixo ou simplesmente estende a mão à caridade alheia na esperança de saciar o estômago. 
   Preciso ajudar a quem vive dependente de álcool e fumo e se entrega de corpo e alma ao vício, definhando a cada dia com doenças causadas por essas terríveis drogas.
   Preciso me libertar da desgraça que é a Coca-Cola, que me escraviza a mais de trinta anos e que por mais que eu tente não consigo parar de beber. Acho que a bebida à base de Coca é uma droga como outra qualquer, logo me considero um usuário de droga. 
   Preciso. Ah! Como preciso! Preciso ser mais humano, isto sim, e deixar de lado as diferenças e as ambições para tentar viver uma vida saudável para mim e para meus semelhantes.
   Preciso ser mais gentil, preciso amar mais, preciso ser mais Brasil.

 
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Cônsul POETAS DELMUNDO – Niterói – RJ
Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 07/09/2011
Reeditado em 06/09/2012
Código do texto: T3205474
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