UM CAUSO DE NATAL EM GURUPI
Já se tornou até tradição: é só chegar o período natalino que começam a acontecer coisas incríveis, diria até mesmo, surpreendentes às pessoas. Culpa-se por isso o Espírito de Natal que faz despertar na gente um sentimento de fraternidade, de solidariedade e não raro, de respeito mútuo.
É nessa época, também, que a chamada invisibilidade social tão comum no decorrer do ano, parece se tornar um pouco mais visível, já que o cristão sente-se mais humanizado e os sentimentos nobres afloram com mais facilidade.
Lembro bem de um fato curioso que me chamou a atenção, ocorrido em dezembro de 1990, na agência central dos Correios em Gurupi,cidade localizada na região sul do Estado de tocantins. É que nessa época do ano, os Correios costumam receber inúmeras cartas destinadas a Papai Noel.
Segundo informações de funcionários da agência, a esmagadora maioria dos remetentes dessas cartas é formada por crianças, porém, tem muito marmanjo que não perdeu a esperança e a fé no tal do bom velhinho, e arisca um pedido. Às vezes, pode dar até certo.
Foi o que aconteceu com um certo cidadão muito humilde e que estava desempregado. Ele residia num bairro afastado da periferia da cidade. Enchendo-se de coragem e muita fé em ser atendido, escreveu uma carta para Papai Noel e resolveu posta-la na agência dos Correios de Gurupi. Não satisfeito e querendo ter a certeza de que Papai Noel receberia sua mensagem, ao chegar ao balcão da agência, solicitou ao atendente para que o envio da correspondência fosse registrada. Diante do funcionário surpreso ainda disparou: -" Eu só não mando via Sedex pra chegar mais rápido ao destinatário porque o meu dinheiro está curto!"
O fato chamou a atenção dos funcionários da agência. Foi então que alguém sugeriu que se abrisse a tal carta para que se pudesse conhecer o pedido ao Papai Noel e, quem sabe, ajudar de alguma forma.
Na carta, ele pedia a Papai Noel a quantia de R$ 200,00 para melhorar um pouco as condições de seu casebre, que segundo sua narrativa, estava caindo aos pedaços.
Sensibilizados, os funcionários resolveram, então, se juntar para ajudar aquela pobre alma. Cada um contribuiu doando um pouco, porém, só conseguiram arrecadar R$ 100,00, que foram enviados ao tal sujeito com os cumprimentos de Papai Noel.
Passados alguns dias, eis que ele retorna á agência dos Correios com outra carta. Nela dizia o seguinte: " – Querido papai Noel, recebi o dinheiro que o senhor me enviou. Muito agradecido. Mas da próxima vez, tome muito cuidado com esse pessoal dos Correios de Gurupi. Essa gente não é confiável. O senhor acredita que dos R$ 200,00 que eu havia lhe pedido o carteiro só me trouxe a metade?"